Caros e Sujos

Não sei se nossos artigos são lidos por alguém influente, afinal quase todos os que escrevem ou participam de sites e blogs literários fazem parte de um segmento marginalizado da intelectualidade brasileira. Nós escrevemos em horas vagas e não dispomos do horário nobre do trabalho para a escrita, haja visto que nosso sustento e de nossas famílias reclamam o esforço de jornadas laborais em nossas atividades principais.

De qualquer sorte, a gente escreve e alguém nos lê, felizmente assim é que funciona e fiquei a pensar se alguém “influente” teria lido o artigo de minha autoria intitulado “O preço dos Hotéis no Brasil’, onde critico os valores praticados pela hotelaria no Brasil em comparação com outros lugares do mundo .

Pois bem , pode ser pura coincidência – e imagino que assim o seja – mas depois que publiquei esse artigo sucederam-se alguns fatos interessantes nas duas principais cidades do Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro foram alvo de ações policiais que resultaram, inclusive, em prisões de chefes de cozinha de hotéis de luxo.

Os restaurantes desses estabelecimentos vendiam comida literalmente podre aos hóspedes e demais freqüentadores, inclusive com estoques de variados itens de alimentos com data de vencimento exaurida, ou seja, comida com prazo vencido ...

Os riscos são tão graves que nem carece seja feito maior comentário, mas o certo é que em bairros nobres como nos “Jardins” paulistanos ou na requintada orla de Copacabana, paga-se muito caro e come-se muito mal ...

Caros eu tinha certeza de que nossos hotéis eram e foi nesse viés que escrevi o artigo “O Preço dos Hotéis no Brasil” – o que eu não sabia é que além de caros eles eram sujos. Caros e Sujos – esse o retrato da hotelaria brasileira que em breve deverá receber dois eventos mundiais – Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.

Em boa hora a Polícia brasileira expôs para a sociedade civil essa realidade. Tem que baixar os preços e aumentar a qualidade, pois o que chama a atenção é que em países onde os salários e o custo dos alimentos é muito maior não se praticam os preços aqui do Brasil que são – sim – exorbitantes, notadamente quando compara-se a remuneração do primeiro mundo com o que se paga por aqui.

Um bom começo é expor a realidade e abrir o debate público.