Não caia do cavalo
Não caia do cavalo (nem da bicicleta).
Na administração pública, copiar uma boa idéia que já deu certo em vários lugares não é plágio. É uma virtude de segundo grau. A de primeiro grau é aquela inédita que corre diversos riscos por ser testada já na primeira aplicação tendo a população como cobaia.
Em várias partes do mundo há muitos anos diversos centros urbanos adotaram a prática de incentivar a população a usar bicicletas para o lazer e deslocamento profissional. As vantagens de tal medida são claras e amplamente conhecidas. Existem mínimos detalhes negativos.
A Prefeitura do RJ, em parceria com um banco particular, implantou este projeto para que a população comece a adquirir tal hábito saudável. Até aí, tudo bem. No entanto, para incutir tal prática na mente de uma população que não tem como característica as atitudes mais saudáveis e econômicas, nos parece que alguns atos precisariam ser consolidados ANTES de colocar os veículos à disposição dos usuários que precisam se cadastrar para usar tal serviço alugado. Entre estes atos que faltaram, os mais evidentes são:
- um programa de propaganda na mídia para avisar aos nossos motoristas(aos mal educados principalmente) que passem a ter mais atenção com o surgimento destes veículos em grande escala;
-asfaltar as ruas de forma adequada, pois as “crateras”, calombos e ralos destampados servem como armadilhas que obrigarão os condutores a desvios inesperados com altos riscos de atropelamentos;
- iluminar as vias de forma que os ciclistas enxerguem tais obstáculos à noite;
- sinalização visível para todos os tipos de condutores;
- definir uma política séria de segurança para TODA a população. Ciclistas serão alvos mais fáceis para os bandidos subtraírem o objeto citado;
- definir faixas de ciclovias mais largas do que as modestas áreas desenhadas em ruas de grande movimento;
- incutir tal idéia nas escolas infantis preparando-os para uma vida com menos poluição;
- uma legislação que não permita atropeladores saírem impunes dos acidentes que causam depois de quatro copos de cervejas. Se o próprio gestor do programa “lei seca” bebe e atropela, que exemplos podemos esperar das autoridades?
Mais uma vez resta-nos a esperança (ela já deve estar esgarçada) para que algum processo de humanização das cidades exiba alguns resultados positivos.
Haroldo P. Barboza
Autor do livro: Brinque e cresça feliz