IDENTIDADE NEGRA

Em documentos nacionais existem algumas "classificações étnicas" nas quais surgem alguns termos absurdos, como "pardo","aldeado" e até, veja essa é nova- Quilombola. Além do verbete dicionalizado, não encontrei classificação que justificasse o Aldeado e Quilombola em documentos.

Talvez o Aldeado seja uma oposição ao branco caucasiano, ou seja, do cáucaso, o europeu, braquinho de olhos azuis, cabelos loiros e nariz fino. O aldeado, a grosso modo, seria o "branco sujo", que tem um ou outro traço do "branco original",mas não é caucasiano ainda que seja branco.

O quilombola, muito provavelmente seja, uma referência aos negros que fugiam para os quilombos, local em que os escravos se refugiavam para fugir da imposta escravidão.Seria o negro "azulão", sem nenhuma mistura para "melhorar" a sua raça.

Um dia ao conversar com uma faxineira, foi possível observar em sua breve confissão todo o exemplo de uma nação; pobre, negra, analfabeta, bahiana exilada em São Paulo, mãe de dez filhos- e segundo ela- com oito vivos, julgou absurdo ter sido trocada pelo seu marido por uma muher mais negra que ela, que oferecia com única vantagem ser dez anos mais nova, pois tão pobre quanto e ainda mãe de filhos que eram de outro.E finalizou sua épica descrição "

"ela é uma preta do cabelo sarará, daquelas que tem os olho vermelho".Enfim"o sujo, falando do mal lavado". Quando não o menos sujo, falando do menos bem lavado.Em descrições assim somos todos quilombolas e aldeados.

Enfim, pobres vira-latas pobres sem identidade, inseridos na pobreza e na exclusão social, meninos e meninas sem perspectiva, mergulhados na ignorância, a verdadeira escuridão.

Mariana Montejani
Enviado por Mariana Montejani em 25/10/2011
Reeditado em 25/10/2011
Código do texto: T3298201
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