Terrorismo...Às vezes está dentro de cada um!
Por volta do ano 2000 ou 2002, teve inicio uma avalanche de ações, que a meu tinha conotação de terrorismo em família. O moçambicano com quem me casei, ameaçou tirar-me as duas filhas, na época com cinco e sete anos respectivamente, para levá-las para Moçambique. Dizia com freqüência que eu não prestava e que ele precisava de outra mulher que gerasse filhos, pois, nem para tal eu havia prestado. Pois, fiz duas cesáreas e em Moçambique, a mulher deve ter filhos por parto normal.
Neste ano 2011, ele deu mostras de ter voltado a pensar do mesmo jeito. Inclusive disse na frente de várias testemunhas que nunca me levará para África. Ou seja, enganou-me casando-se comigo, pois, sabia que eu tinha intenções de trabalhar lá, mas, nunca tencionou cumprir tal propósito.
Não questiono suas motivações machistas, nem sua necessidade natural de voltar à sua Pátria, coisa natural a qualquer ser humano, mesmo aqueles não tão humanos. No entanto, espero poder contar com a proteção da P. F. e Comissão Internacional de Direitos Humanos, no sentido de não permitirem que minhas filhas sejam retiradas do país à força.
Desde que me casei em 1991, sua família e eu tivemos apenas dois contatos, um por carta e outro via telefone.
Falei com duas missionárias brasileiras que trabalham em Mz. Para que fizessem contatos com eles por mim, ao que responderam que havia dificuldades, e que eles estavam desgostosos comigo, pois, entendia que eu era a responsável pelo não retorno desse homem à sua Terra. O que é uma falácia. Nunca o impedi de voltar.
Como poderei estar tranqüila agora com as suspeitas que ele quer levar minhas filhas para viverem lá com familiares aos quais elas nunca conheceram, os quais não gostam de mim. Como irão tratá-las bem?
Se estando ele em meu país, já me tratou desta forma. Como posso esperar que tratem bem minhas filhas?
No terceiro sábado de Maio deste ano, quando regressavam de um curso em SP, ele bateu na minha filha de dezessete anos, dentro do Shopping Santa Cruz, no Metrô Santa Cruz, em São Paulo. Fui até a administração do Shopping para conversar com os seguranças: Alexandre e Simone que presenciaram-no batendo na filha. Este segurança me disse: “faça um B.O. ou iremos te considerar cúmplice desta falta de respeito dele para com a lei e para com menores.
Como acreditar que ele está em condições emocionais para cuidar das filhas num país de cultura diferente, se nem aqui ele consegue fazê-lo. Ele está com problemas de DSPT, grave e ninguém consegue fazê-lo tratar-se.
De modo algum posso estar tranqüila, nesta situação que mais parece um “balde de pólvoras” prestes a explodir.
Nossas filham o amam, mas, estão aterrorizadas, com as coisas que já presenciaram entre nós.
Desde que eram pequenas eu sempre lhe pedia que lhes ensinasse o dialeto “shona” que é o veículo comunicacional da tribo dele lá. Negou-se sempre. Quando fez o curso de Letras, suas filhas emprestaram suas lições e cd’s da Faculdade e estudaram inglês por iniciativa própria sem a ajuda dele, pois, se fossem esperar nunca estudariam.
Agora que a maior está no último ano do colegial, ele a matriculou num pré-vestibular em SP, muito longe de onde moramos. Moramos em Guarulhos, e a obrigava a ir todos as noites para lá, chegando em casa quase 01 h. da madrugada para sair às 06 da manhã do dia seguinte para o curso do colegial, ela não agüentou, é muito puxado. Uma viagem cansativa dessas todos os dias, inclusive sábado. Agora ele me encrimina, dizendo que eu a fiz parar. Ela não agüentava de sono no colégio. Mas a imposição militar o fez querer que ela agüentasse na “marra”. Elas estão aterrorizadas com tantas imposições, e militarismo dentro de casa.
Quem está fora não tem noção as dificuldades que temos de enfrentar, sem a mínima contemplação. Elogios? Só para as de fora.
Como estarei tranqüila sabendo que nunca tive irmãos, não tenho pai nem mãe, já faleceram, e ele está emocionalmente abalado desta forma. É uma boa pessoa para com os de fora, dentro de casa sempre foi um carrasco. estudioso, mas implacável, não aceitava uma virgula fora daquilo que houvesse projetado. A necessidade dos demais na casa nunca foi considerada. Era como estar com alguém e sequer pensar na sua existência ou necessidades.
Os filhos são heranças de Deus, com a qual temos responsabilidades de cuidar bem, de amar, de incentivar para serem pessoas de bem, prepará-las para serem cidadãs que construam um futuro brilhante. Para que escrevam suas histórias de vida, as quais serão parágrafos ou capítulos da História Universal.
Ele teve muitos direitos violados nestes vinte anos de Brasil, teve seus direitos humanos vilipendiados, teve sua bolsa de estudos desviada ou roubada. No entanto, descarregou sobre mim todo sua ira por estes transtornos. Onde fica a D. U. D. H. que diz que todos são iguais perante a Lei? Fui tratada como criminosa, fui injuriada, chamada de subversiva, de puta, altercadora, imbecil e muito mais.
Como fica minha situação? Sempre afirmei que ele sofre os transtornos que a psiquiatria chama de TDPT, e que precisa de tratamento.
Vingou-se de mim em várias situações e de várias formas.
Forçou-me a dormir separada dele desde que as filhas nasceram, pois, dizia que era assim na cultura africana. A mulher tinha que dormir com os filhos. Quantas vezes eu me questionava:
Casei-me para quê? Para ter um esposo, uma vida conjugal fora do pecado, ou para dormir com crianças, e ter um homem dentro da casa como se fosse meu filho? Então ele me dizia que eu era puta, pois, rejeitava meus filhos. Eu nunca rejeitei minhas crianças.
Mas toda mulher que se casa não quer apenas filho. Necessidade sexual, é como necessidade de arroz, feijão. Todo mundo sente tal necessidade. E fui privada inúmeras vezes, por vingança. Principalmente nestes últimos dois anos, depois que a Clarissa parou de lhe escrever, ele passou a dormir no chão da cozinha, proibindo de tocar-lhe. Muitas vezes tivemos relações pelo chão, furtivamente como se não fossemos casados. Porque eu dormia com as crianças, uma vergonha, dor, falta de local apropriado, falta de interesse em dar-me o mínimo necessário de condições e dignidade. E se reclamasse, eu era injuriada, e levava tapas pelo corpo.
Em Outubro do ano passado foi minha última tentativa de aproximação a ele. Ele dormia na cozinha. Eram nove horas da manhã, fui lá prepara o café, e vi um sorriso em seus lábios. Fazia tanto tempo que não o tocava, dei-lhe um beijo sorrateiro nos lábios. Ele acordou-se, deu um murro no meu rosto, que quase cai pra trás. Fiquei muito envergonhada, pelo desprezo. Medo que minhas filhas tivessem visto a cena. Eu ali humilhada por desejar um beijo do homem que se casara comigo, mas negava-se a ser meu esposo, porque conheceu uma “amiga” mil vezes melhor que eu. Vergonha, dor, tristeza, desolamento, são algumas das palavras para descrever minha alma.
Tenho agüentado calada, todos este quinze anos, pois, nos primeiros cinco anos antes de eu não poder ter mais filhos, ele era atencioso. Mudou após minha laqueadura, após eu perder o emprego na estatal onde eu era concursada, perder o status de funcionária pública.
Agora, ao que parece sua vingança se direciona em retirar minhas filhas para longe. Isto é injusto, cruel.
Há anos que não durmo tranqüila, cada época por um motivo diferente. Estou á beira de uma crise de nervos, já desmaiei no serviço quando trabalhava, faltei tantas vezes por conta destas situações e das tristezas a cada email que encontrasse no lixo da cozinha, quando ele escrevia para sua “amiga”, elogiando-a, como a mias sábia das mulheres, a mais belas, faltei tanto que o empregador me demitiu pois, eu fiquei com depressão. Agora que superei a depressão, ele quer tirar-me as filhas, e elas não querem ir para África, estão apavoradas.
Nós pertencíamos a Igreja Batista. Ele era pastor batista, mas nunca exerceu o ministério de forma anual, só temporária.
Sempre íamos visitar outras igrejas. Há algum tempo ele decidiu levar as filhas para serem batizadas em outra denominação, como vingança por eu haver escrito para aquela amiga dele, e ela não lhe escrever mais. Desde Novembro e Dezembro, não deu certo, pois, eu queria assistir ao batismo e ele não permitia que eu fosse. Pegava folga no trabalho e no dia aparecia na Igreja. Quando Janeiro chegou, me esqueci de pegar folga, quando cheguei a casa quase meia noite, cansada, percebi que as filhas não estavam. Pouco depois, chegaram os três. Ele havia as levada e batizado em sigilo, sem que eu soubesse.
O pastor da Igreja que as batizou não tem culpa, ele não suspeitava de nada. O fez na inocência. Não lhe guardo mágoa nenhuma, é um servo de Deus, leal. Mas, fiquei emocionalmente danificada. Era o momento mais sublime na vida espiritual de minhas filhas e fui proibida de participa. Nem as fotos ele me deixou ver. Foi uma vingança cruel, só por que a Clarissa Baumont não lhe escreve mais. Só o diabo pode colocar tanta maldade na cabeça de um homem.Terrorismo com coisas espirituais. E agora vive brigando, forçando-as a voltarem a freqüentar a Igreja Batista, e elas se negam com toda razão. Batizaram-se em outra Igreja, é lá que devem freqüentar. Ele brigou muito comigo, dizendo que não proibia a mim de sair da Igreja Batista, mas, que as filhas são obrigadas a ficarem lá. E que eu estou levando as filhas para o mau caminho. Estou cansada de tantas confusões.
Sai da Igreja Batista, fui acompanhar minhas filhas na igreja onde elas são membros desde Janeiro.
É uma Igreja ótima, me acolheram com muito amor.
Não há na Terra igreja perfeita. Onde existam seres humanos a imperfeição estará presente, mas pelo menos, lá, eu percebo que eles pregam o que vivem e procuram viver o que pregam, sem mentiras, sem roubar bolsas de estudos de ninguém sem bater na mulher, sem forçar os filhos a mentirem. O pai deve ser o exemplo de vida no falar a verdade e no agir.
Sei que na área familiar é o lugar preferido onde satanás procura injetar destruição. Estou cansada de ficar calada, levando nomes em razão de uma cultura tradicional, machista, a qual eu nunca cheguei a pertencer. Mas, fui engessada, amordaçada, nas durezas que permeiam a cultura moçambicana. Até que me provem o contrário é uma cultura machista.
Um país com um potencial muito grande, teve muitas de suas potencialidades destruídas pela guerra colonial.
E agora teve destruído pela guerra espiritual do pecado ama família que muito poderia haver colaborado para seu crescimento. Enquanto todos nós soframos calados em nossos mundos interiores, a JMM continuava a enviar seus “radicais” para viverem radicalmente na África.
E aqui continuamos sofrendo este terrorismo emocional, existencial, psicológico, resultante da guerra do pecado que tenta destruir os propósitos de Deus para nossas vidas e para Moçambique. Essa fase ruim vai passar. Conheço ao Deus a quem sirvo. O Deus de Sadraque, Mesaque e Abedenego, que foram atirados na fornalha ardente e nem assim retrocederam. Eu não sei o que é retroceder.
Ainda que a figueira não dê o seu fruto na estação certa, eu, todavia continuarei a confiar em Deus.
Esta não é uma história tão “Radical”. Desejei ter outras coisas para contar. Não as tenho por hora. Em breve Deus escreverá com seu dedo divino, outra história em minha vida.
Vou buscar força interior em Deus, e conseguir recursos financeiros para realizar o sonho das crianças de Macua, que ficaram sem sua escola experimental que tanto desejei construir. Sem terem o leite extraído com o auxilio da vaca mecânica.
Mas, eu não sou mulher de recuar, nem diante da morte. Vou lutar e se Deus for comigo, conseguirei condições para proporcionar esta escola para as crianças moçambicanas.
Espero que a Governadora Ana Comoana, possa conseguir-lhes um terreno grande o bastante para a construção tendo uma parte para o plantio da soja. Uma Universidade em São Paulo se prontificou em doar o projeto do prédio.
Se Moçambique o rejeitar, posso levá-lo para outro país que precise mais.
Se o fizer será com dor no coração, pois, o planejei, pensando em Manica, nas minhas crianças de Macua.
Com terrorismo ou sem ele, eu não desisto! Não sou mulher para fugir com medo do perigo. Se Deus for comigo, irei até onde estiver comigo.