O INFERNO SÃO OS OUTROS - SÉRIE: CITAÇÕES COMENTADAS

O inferno são os outros.

A existência precede a essência.

Jean Paul Sartre

Filósofo

(1905- 1980)

A piedade opõe-se completamente à lei da evolução, lei da seleção natural.

Friedrich Nietzsche

Filósofo

(1844 - 1900)

Sendo o ser humano livre em essência, a liberdade de um indivíduo é tolhida apenas por outro indivíduo igualmente livre.

Desta forma, um ser livre cuja essência foi construída com base na ideia de uma possível liberdade absoluta, verá a liberdade do outro como um obstáculo, um incômodo ou um mal desnecessário.

Pode-se optar por matar o outro, simplesmente.

Pelo princípio da empatia, não sendo partidário do assassinato como solução viável para alcançar sua liberdade, opta-se pelo isolamento social.

A verdadeira liberdade só é alcançada na solidão absoluta, quebrada apenas quando e como se deseja, e não por imposição social.

Antes de definir a sua essência, o indivíduo existe, e nesta existência constrói, a partir de suas experiências e subjetividades, o que ele é.

A vida em sociedade e a piedade, a solidariedade e o amor familiar são resultado da percepção de que, na luta pela sobrevivência, as chances são maiores quando se conta com ajuda.

Na corrida pela perpetuação dos seus genes, o ser humano desenvolveu o sentimento de afinidade, que mais tarde seria definido com afeto e amor pelos seus consanguíneos.

Hoje, este sentimento pode ser vivenciado sem a necessidade da convivência sufocante e insalubre de pessoas que não têm nada em comum, exceto os genes, num ambiente onde deve privar-se de sua liberdade para o bem coletivo.

As primeiras sociedades humanas se formaram nos moldes de clâs familiares, numa tentativa de vencer as dificuldades em sobreviver, tais como caça ao alimento, catástrofes naturais, predadores, doenças e guerras por território.

Numa sociedade onde estas dificuldades transformaram-se em luta pelo poder aquisitivo e pelo status social, a justificativa ainda se mantém apenas para os que os almejam.

Se o indivíduo alcança um estado tal em que pode sobreviver sem a necessidade de lutar pela sua sobrevivência com seus oponentes, se a sociedade tecnológica possibilita que interaja com outros indivíduos sempre que quiser, sem que a sua liberdade seja invadida, corrompida ou negada, não há mais justificativa para a vida em grupo, nos moldes anteriores ou nos atuais.

Assim é que, para alguns seres humanos, não há sentido em compartilhar espaços públicos na eterna busca por distinção social ou econômica, socialização amigável no happy hour, sexo casual predatório ou relações afetivas com completos estranhos.

Ou seja, o ser humano pode ser uma ilha, ainda que uma ilha que mantenha algum contato com o continente, mas apenas quando desejar, e não por uma necessidade pretensamente inerente à sua psiquê.

A exigência social para que o indivíduo interaja com seus iguais embasa-se no princípio de que a solidão não é um estado desejável e pode mesmo ser prejudicial; mas, aí é que está!

Quando o que é oferecido pela sociedade em troca daquela interação já foi alcançado, ou não é mais interessante ao indivíduo, a opção pela solidão demonstra-se não só natural, como mais saudável e condizente com seu desejo de liberdade absoluta e até mais moral, uma vez que a outra alternativa seria o assassinato do outro.

Que o digam os sociopatas!

Iama K
Enviado por Iama K em 25/09/2011
Reeditado em 25/09/2011
Código do texto: T3239629
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