VIVEMOS EM UM MUNDO PÓS-GUERRA NUCLEAR

Esta semana assistindo aos telejornais da noite me deparei com uma sucessão de acontecimentos violentos e aterradores. Assaltos, crimes dos mais variados, cenas de violência, corrupção e outras mazelas que atingem nossa sociedade sem causar grandes impactos, pelo menos, não mais. Aqui e ali uma reportagem curtinha sobre algo de positivo para nos animar um pouco e alimentar aquele resquício de esperança que ainda nos mantém vivo.

Cansado de tanta coisa ruim achei por bem assistir um filme para relaxar. Sucumbindo ao DNA de povo eternamente colonizado optei por assistir uma produção estadunidense chamada “The Book of Eli” ( O livro de Eli). A trama é bem parecida com outras mais antigas como “Mad Max” e vários filmes do gênero catástrofe: um mundo pós-guerra, onde a violência se sobrepõe a todos os outros princípios que deveriam nortear a vida em uma sociedade civilizada. Nessas histórias é muito freqüente um enredo quase que copiado em sua totalidade. Uma maioria vivendo como verdadeira horda sobrepujando cidadãos de bem que insistem em acreditar que existe algo mais no interior do ser humano além do instinto de sobrevivência a qualquer custo.

E foi aí que caiu a ficha. Qual a diferença entre o nosso mundo real e este da ficção vivido nos cinemas? A única diferença é que ainda não apertaram o botão que ocasionará a hecatombe nuclear. No resto vivemos da mesma maneira. Somos reféns de nossos iguais. Reféns da criminalidade e reféns de nossos medos. Muito pouco, também, estamos dispostos a sair de uma zona de conforto e “segurança” para entender os motivos que levam essas pessoas a viverem tão longe daquilo que acreditamos ser correto.

E não é um problema de classe social, cor ou credo. Em seus mais diversos segmentos, em suas mais diversas situações encontramos seres humanos em situação de degradação moral. Crimes, violência, corrupção...

No filme acima citado vemos um homem defendendo a sua fé e outro querendo se aproveitar do poder e da influência que a fé pode gerar nas pessoas. Hoje é diferente?

No filme vemos um casal ser atacado, o homem ser morto, a mulher estuprada e depois assassinada ao som de risadas e delírios de seus algozes. Hoje é diferente?

Esta semana no Rio de Janeiro um taxista foi assaltado e por só estar de posse de apenas R$ 20,00 teve seu carro incendiado. Antes de sair do veículo.

Então meus amigos, acredito que temos duas opções: a primeira é arregaçar as mangas e lutar nós mesmos. Sem esperar por nada e nem por ninguém. Enfrentarmos a situação com a coragem necessária para entender a situação de nosso país pelos nossos olhos e pelos olhos dos que estão em situação de risco e/ou violência. Entender que não é o caráter, unicamente, que determina os rumos da vida do indivíduo. As contingências sociais, educacionais e de ambiente são fundamentais na estruturação do caráter dos indivíduos. As oportunidades podem fazer alguma diferença. Engajar-se em projetos sociais e de trabalho social é de grande importância neste sentido.

Ou, como segunda opção, podemos ficar sentados, reclamando e esperando que alguém aperte o maldito botão. Pois é só isso que falta para chegarmos aos cenários da ficção.

Henrique Barros
Enviado por Henrique Barros em 15/09/2011
Código do texto: T3220767
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.