NA ERA EM QUE A PÁTRIA GRITA
...um grito silencioso.
Não faz muito tempo que qualquer opinião dum cidadão comum, democraticamente manifestada pelo instrumento constitucional denominado Estado de Direito, era tida pela euforia dos dirigentes políticos como opiniões "do contra', de gente que não teria o que fazer, a não ser criticar o rumo dum país que caminhava tão bem.
A nossa Imprensa séria sabe muito bem disso.
Portanto,hoje não escrevo como alguém do contra e sim como alguém muito a favor do meu país, pelo qual torço com todas as forças deste mundo, embora uma força já meio enfraquecida pela desilusão.
Escrevo, inclusive, como uma simples cidadã e também dona de casa que observa seu entorno social acontecer e acreditem, tentando ainda ser o mais otimista possível, a despeito de fortes evidências de que os fatos sociais desmentem as palavras dos tantos brilhantes líderes políticos.
Nessa semana, após o resultado das provas do ENEM, o país voltou a rediscutir a educação.
Não vou falar em números porque não acredito em nenhum deles, aliás, só acredito nos poucos índices ruins distraidamente divulgados que parecem confidenciar melhor a realidade que vejo, a exemplo da notícia dos péssimos resultados de desempenho do ENEM, inclusive os das escolas privadas, que estão alarmantes.
Nenhuma novidade. Basta observar o tudo que vem ocorrendo com a vontade política de se "educar" o país para se deduzir que milagres não existem. Nem os milagres encomendados, porque por aqui não se salda nem os compromissos com os Santos milagreiros, que dizer dos compromissos com a Nação.
Verdade seja dita: caminhamos para trás e nada me convence do contrário. E não é de hoje.
Dizem que nosso défict de formação universitária comparado com o MUNDO é enorme isso sem contar o número da evasão escolar nos níveis fundamentais e médios. E nem vamos lembrar da simples alfabetização.
E ainda tiveram a coragem de dizer que os índices não são expressivos porque os melhores alunos não prestam o ENEM pelo fato de algumas melhores universidades públicas não considerarem as notas desta prova para fins de classificação no vestibular.
Bom seria se perguntar o porquê da tal não inclusão das notas do ENEM por parte destas universidades.
E há um outro lado: mesmo para os cidadãos que concluíram seus cursos superiores hoje sabemos que a qualidade da formação muitas vezes não muda a realidade destes profissionais porque, por aqui, universidade virou mera indútria de diplomas.
Muita quantidade de qualidade muito duvidosa.
Em muitos casos se pagou...comprou a formação, é mais ou menos isso que ocorre.
Hoje já se pode cursar muitos "níveis superiores" até pela internet, e juram que formam bons profissionais sem professores e alunos presenciais. Eu, sinceramente, me nego a acreditar que tal situação tenha o aval do MEC.
O resultado? Esse nosso caos social temperado com violência e mediocridade para todos os lados.
Somos um país nivelado para baixo de todos os números otimizados pela qualidade.
Aonde não há educação não há progresso nem com o insistente milagre dos "vermelhos" que usam inclusive a mídia para nos declamarem estatísticas de excelência em tudo. Aonde?
Enquanto nada acontece na educação, a sociedade grita por socorro que nunca chega, em todos os seus setores: por aqui, a desculpa para o surto inflacionário é a crise mundial, que paradoxalmente dizem que não nos atingiu.
Atingiu sim! E não é preciso ser técnico para perceber que a recessão com acelerada inflação e alta carga tributária destrói o nosso poder de compra dos salários, inclusive o da nova classe média que aparece nas estatísticas do "bem estar social" apenas nos números do governo.
Saibam, já chegou o momento no qual não se consegue mais esconder a verdade da nossa nação que grita assustada e desesperançada, inclusive pela perene corrupção.
E isso me parece apenas o começo.
O próximo passo talvez seja calar a voz dos que ousam enxergar a realidade,ou seja, a usurpação do nosso legítimo ESTADO DE DIREITO de gritar.
Inclusive o direito de gritar frente ao caos desta tão manobrada vida de gado.