O JARDIM DO VIZINHO...
Dizem por aí que a nossa tendência humana é sempre acreditarmos que o jardim do vizinho é mais florido.
É verdade.
Tendemos naturalmente a fantasiar o que é do outro, não falo aqui em inveja, longe disso, porém é frequente que olhemos para o brinde das taças do outro em detrimento dos tombos alheios, e ao contrário também, nos há uma tendência em encobrirmos nossos erros para notarmos os mesmos erros nos outros.
É humano.
Mas tudo isso para ilustrar o fato de que o jornal Estadão noticiava na semana passada que o Metrô de São Paulo bateu o recorde de mais de quatro milhões de usuários por dia, o que fazendo as contas gera uma receita inacreditável para os cofres da empresa, de quase trezentos milhões de reais por mês. Um dinheirão!
Era de se esperar, no mínimo, uma qualidade melhor em transporte metroviário, certo?
Errado. Porque estamos no Brasil.
Tão errado quanto acreditar que o jardim do outro é mais florido, DESDE QUE NÃO COLHAMOS AS FLORES DO VIZINHO PARA CONSTATAR A QUANTIDADE E A QUALIDADE DA SUA FLORADA.
E como se não bastasse toda a dificuldade de se locomover pela cidade, seja com qualquer meio de transporte for, agora deram para impedir o trânsito até das principais vias de fluxo urbano, como as Marginais do Pinheiros, para se operar passeios ciclísticos e demais festividades de final de semana, aqui na cidade de Sampa.
Tudo a exemplo do que ocorre no primeiro mundo, ou seja, no jardim do vizinho, não tão vizinho assim.
Só que estamos no Brasil, repito. Aonde tudo é feito pela metade.
A bela ponte estaiada de Sampa, por exemplo, projetada, acredito eu, para aliviar o fluxo de veículos entre diferentes regiões da cidade , funciona melhor como enfeite e como lugar para grandes festividades públicas...de interesse político, aonde todo mundo aparece, inclusive a mídia...menos o povo.
Vire e mexe está interditada para esse ou aquele fim que não o de facilitar o trânsito. É a publicidade com o dinheiro alheio!
E por aí vai.
Numa cidade como a nossa, que cresceu totalmente sem planejamento urbanístico, faixas reversíveis para ciclistas improvisadas com cones, estreitas e perigosas, nos colocam mais em risco, e também oas ciclistas, neste já tão tumultuado trânsito de São Paulo, agora pesado inclusive nos finais de semana.
Solução? Quem sou eu para operar milagres. Longe dessa intenção.
Eu sempre acredito nas urnas.
Porém fato é certo: há lugares em que ciclistas, motociclistas, trólebus, veículos motorizados, e até atletas das ruas convivem folgada e disciplinadamente no mesmo nível do meio fio do pedestres.
E sem violência alguma. Inclusive sem poluição. Tudo inacreditavelmente...funcionante.
Sem estas avalanches de acidentes registradas nas exorbitantes estatísticas de acidentes de trânsito nesta caótica cidade de São Paulo...a minha querida cidade. Que apenas sobrevive às surreais ingerências históricas.
Qual o segredo dos vizinhos do mundo?
Cidadania séria e legítima. EDUCAÇÃO de verdade.
Vontade de fazer as coisas bem feitas. Compromisso com os contribuintes, amor pela cidade e pelo tudo do país. Respeito e resposta para os cidadãos pagadores de tantos tributos.
Eis a nossa diferença que tão gritantemente separa as nossas tão belas e sofridas flores das floradas dos jardins dos vizinhos.
Ainda que distantes vizinhos do chamado primeiro mundo.
Não é a toa que são primeiros.
Eu só não saberia dizer se os cofres das empresas dos vizinhos arrecadam tantos milhões para que seus cidadãos possam se locomover com tamanha dignidade. Ao menos não enlatados.
Com certeza somos mais perdulários até nisso, porque prioridade é a qualidade número da competência administrativa de qualquer órgão gestor.
Mesmo que seja para gerir o simples jardim da nossa casa.