O ASSASSINATO DA JUÍZA
Ainda, para a antiga geração e suas velhas idéias, (“com mais de trinta anos”, pra repetir a canção), ao povo cabe o papel de obedecer e acreditar.
O problema, (e a que a velharia não se dá conta ou finge não dar conta), é que acreditar é igual a crédito em conta bancária.
Se só houver saque uma hora acaba.
O velho presidente do TJ do Rio já está no vermelho. A ele cabe agora depositar uma verdadeira vontade e um verdadeiro compromisso sob pena de ter a conta encerrada.
Porque se ele não se lembra, e vale lembrar, ao Estado cabe negociar, (passar mensagem objetiva e acreditável de compromisso com o bem público, no qual se inserem não só valores materiais como morais, como ética, lei, ordem, segurança, etc.), com a população e não somente saquear. O contrato social, expresso na Constituição Federal, exige essa relação de "toma lá"/"dá cá".
Caso o agente representante do Estado incorra deliberadamente em erro, (e o servidor público é a face concreta do Estado - entidade fictícia), ele perde o vínculo de consciência e de razão com o povo - e por conseqüencia todos perdemos.
No caso da juíza assassinada, já perdeu.
Porque, citando Maquiavel “tudo o que é regra para o cidadão é limite para o Estado”.
Se um juiz não pode julgar um criminoso por estar intimidado por ameaça é porque o cidadão está completamente desamparado. E se estiver completamente desamparado, o Estado é desnecessário.
Um assassinato, qualquer assassinato, não serve pra lição alguma; nada no mundo, nenhum argumento, nenhum ideal, justifica matar.
À nós cidadãos, (em geral passivos e pacíficos ante as bandalheiras dos representantes do Estado), resta lutar de alguma maneira, (nem que seja somente demonstrando nossa indignação), para que o assassinato da juíza seja punido, para que os réus nos processos que ela conduzia sejam julgados e que os erros sejam corrigidos.
Li e vi na mídia que a morte da juíza era prevista, que um delegado civil havia avisado a policia federal, que ela pedia proteção e não conseguia, e de tudo isso depreendo que o presidente do TJ-Rio está mentindo nas suas justificações.
Mentir é errado e é muito pior quando vem de uma autoridade. O mínimo que se espera dele agora é que peça a sua aposentadoria antecipada e que vá cuidar da sua horta e das suas galinhas.
E que o governador do Rio reveja a sua posição de recusar a cooperação da policia federal, (até porque a policia do Rio não goza da isenção necessária para investigar este caso que envolve os próprios colegas).
Também que haja reforma política para que o Judiciário tenha a sua independência de fato e que possam os seus membros elegerem seus representantes, (e não o Executivo nomear por indicação, como ocorre ainda hoje), a fim de que os juizes tenham o direito de tratarem com os seus pares e não com representante de outro poder.
Só para lembrar, a juíza assassinada era titular da vara da infância e foi transferida para a vara criminal porque bateu de frente com os interesses do ex-governador Marcelo Alencar.
Enfim, espero que não se perca a hora e o momento, e que substituam o velho pelo novo, porque é por este último que a sociedade se renova.
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Sajob - agosto / 2011