Revisão de conceitos de vida
 
     No caminhar da vida, sempre estamos passando por momentos que costumamos dizer que servem como experiências, mas, no entanto, basta passar alguns dias ou meses que voltamos ser a mesma pessoa de antes, ou seja, não serviu de experiência coisa alguma.
 
     É preciso ressaltar que esta frase “serviu de experiência” que falamos, na grande maioria das vezes ocorrem em situações difíceis pela qual passamos, pois, na alegria nem damos conta de que estes momentos também poderiam nos ensinar muito. 
 
     Há vários escritos sobre situações que devem nos levar a uma nova interpretação da vida, ou seja, como a vivemos. Algumas dessas situações que nos fazem repensarmos estão em relações às doenças. É comum quando gozamos de plena saúde, nem nos preocuparmos com ela, então abusamos nos alimentos, no trabalho, nos vícios, etc. Porém, ao adoecermos tomamos um susto, porque percebemos nossa fragilidade, isto nos faz sofrermos muito, pois somos obrigados a repensar nosso estilo de vida, deixar de alguns maus hábitos alimentares e de comportamentos nocivos à saúde. Estas mudanças certamente, levam um tempo de adaptação e causam em nós descontentamentos emocionais com disfunções  psicológicos 
 
     Outro fator que leva-nos a repensar a forma como vivemos está relacionada também  a doença, no entanto, não em nós, mas sim em entes que amamos, principalmente, quando se trata de filhos. Uma destas doenças é a dependência química, por exemplo. Ah! como a dependência química muda totalmente às pessoas, às vezes, até parece que Deus a permite, pois ela é fator de mudança radical tanto no dependente quanto em seus familiares sobre a maneira de como vê um dependente e/ou julga as pessoas, familiares, sociedade, etc.
 
     Muitas vezes nos achamos acima do bem e do mal e saímos por ai falando besteiras, julgando jovens, adultos alcoólatras, famílias por possuírem entes dependentes, no entanto, quando somos acometidos pelo mesmo problema passamos a ter uma nova visão das drogas, dos usuários e dos dependentes tornando pessoas melhores, unindo-se mais as pessoas que possuem condições culturais, sociais e financeiramente inferiores e, às vezes, sentimos até inveja de famílias humildes em todos os sentidos que possuem um lar harmônico e sem estes problemas relacionado às drogas.
 
     Realmente dependência química é algo que promove repensarmos a vida e olhar com mais humildade para pessoas que estão as nossas voltas como também, leva-nos sairmos de nosso comodismo e atuar mais junto a sociedade, pois é impossível o homem curar doenças emocionais no isolamento, ou seja, o homem tem necessidade de compartilhar suas dores para vence-las. 
 
     Outro fator que as doenças contribuem; é para o desenvolvimento espiritual, pois ainda que sejamos extremamente egoístas ao estarmos encurralados buscamos uma força transcendental capaz de nos confortar proporcionando segurança e equilíbrio para enfrentarmos as dores.
 
     Mas, um outro fator que nos leva rever o modelo de vida e de como relacionamos conosco e com o próximo é a morte de um ente amado, e aqui  destaco a perda de um filho. Não há dor para descrever esta dor. Perder um filho é como se perder também. É como perder o horizonte e não conseguir vislumbrar o amanhã. É como perder o teto, o chão novamente, ou seja, é cair a ficha de que somos finitos humanamente e descobrir a importância da vida bem vivida. É descobrir o verdadeiro valor do que os filhos significam para os pais, que no corre, corre da vida alguns não se dão conta. 
 
     A perda de um ente amado é algo que nos abala profundamente em relação à existência e nos provoca uma mudança de atitude, de comportamento e de como devemos viver cada dia, ou seja, não deixando para o amanhã, nada do que podemos fazer hoje. Não deixando para nós e nem aqueles que amamos serem felizes amanhã. Descobrimos que, de todos os bens que possuímos o mais importante é o amor que devemos dar a nós e todos os que nos rodeiam. Deixando de viver uma doença de acumular riquezas (bem materiais), para conquistar outras formas de riquezas (amizade) e passar valorizar mais o tempo presente do que o tempo passado ou ao que há de vir. Por fim, somos muitos frágeis, na verdade, somos cristais que se quebram com facilidade.
 
     Portanto, seria importante que de fato os acontecimentos dolorosos pelos quais somos obrigados a viver, sirvam-nos de experiências, mas que, estas experiências não sejam apenas por um momento e nem que sejam apenas no pensamento, mas que se concretizam em nossa nova maneira de ser.
Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 16/08/2011
Reeditado em 16/08/2011
Código do texto: T3163918