DIVAGAÇÕES SOBRE IGUALDADE

Há, na mentalidade humana, caminhos percorridos já tantas vezes que já deveriam ter sido abandonados pelo que se sabe onde vão dar: numa torrente de pré-julgamentos que projetam conceitos geralmente impossíveis de serem verdadeiros, impossíveis mesmo, sacomé?

Bastando um pequeno olhar sobre o que e quem nos cerca para nos provar isto e fazer com que abandonemos tais caminhos e nos deixemos ser percorridos por outros.

As palavras têm poder. Não um poder místico ou aleatório, mas o poder de inculcar ideias inverídicas, perpetuando conceitos danosos que vão de encontro à realidade humana, sendo esta tão múltipla, variável e inconstante quanto é o próprio ser humano.

Alguns exemplos?

Abstenho-me.

Preferiria que cada leitor pensasse sobre os conceitos que absorveu ou construiu sobre o ser humano, de forma individual ou como espécie, e então que dê uma olhada na realidade e tire suas próprias conclusões.

Mas posso falar dos meus, não como exemplos, mas como ilustração do texto:

Fui ensinada pela família, escola, religião, sociedade, mídia e senso comum que todos os seres humanos são iguais, quando todos nós sabemos que não são, nem biologicamente, nem perante a Justiça, nem perante nenhum Deus, nem mesmo para as mães que têm lá suas preferências; não somos iguais nem em essência, nem intelectualmente, nem emocionalmente, muito menos em direitos e deveres. Trata-se de uma bela ficção criada para maquiar a inferioridade (ou superioridade) de uns sobre os outros, seja em que âmbito for.

Somos da mesma espécie e só. Isso é o que nos iguala e apenas isso.

Acredito que essa 'igualdade' não contempla, sequer, o nível das possibilidades, posto que nem todos de nós têm as mesmas chances de sobreviver, vencer na vida e realizar suas metas.

Esta falsa igualdade é tão propalada e defendida que há os que pensam realmente que os perdedores são os únicos culpados de seus fracassos sociais, financeiros ou outros, sem levar em conta as diferenças sócio-econômico-culturais que atuam na seleção de quem vai ou não sobreviver na selva social.

Vivemos ainda e constatemente na luta pela sobrevivência tanto física quanto ideológica, intelectual e emocional, e as armas que nos possibilitam chegar inteiros ao final da jornada nos fazem sim, diferentíssimos uns dos outros.

A seleção natural não é eugênica no sentido hitleriano, mas é real, atuante e comprovável, levando a um afunilamento das possibilidades e das chances de sucesso, seja material ou em outra área.

A competitividade é um instinto natural, a solidariedade também, dirão os historiadores, mas apenas no que tange à sobreviência do solidário, não por altruismo, mas por pura necessidade ou intnção de algum ganho, nem que seja o de se ter uma imagem de si próprio que se coadune com o que se considera a imagem ideal e aceita, talvez até premiada, no meio social.

Já dizia aquele filosófo: Eu sou tão egoista que o auge do meu egoismo é querer ajudar.

O altruista acredita que é melhor do que o ajudado em alguma instância, que o ajudado precisa dele para melhorar, seja em que aspecto for, logo, é um quadro de superioridade x inferioridade.

Quando alguém recusa aquela ajuda, por crer não precisar dela, é que o conflito se instala e aquele que se sente superior e magnânimo sente-se ultrajado e ofendido, passando a desprezar e, se possível, prejudicar o 'seu igual', para que ele veja o que está perdendo.

Não somos iguais, de forma nenhuma, e a consciência das diferenças que está aos poucos se intalando neste pedaço de século é um avanço. Não o único necessário para que o mundo gire mais harmoniosamente, mas um dos essenciais para que grandes parcelas das espécie humana tenham o direito às suas diferenças, sejam elas de superioridade ou de inferioridade.

Não defendo o conceito, reconheço-o no mundo que me cerca e suas consequências.

Não defendo a dominação das minorias sobre as maiorias, muito menos o oposto, nem apoio a exploração de um ser humano sobre o outro, sou anarquista. Anarquista total. Valores que hoje excluem populações inteiras do direito da satisfação de suas necessidades básicas não são válidos nem deveriam ser meta de governo algum, menos ainda de uma religião.

Sei que é um pensamento utópico, mas é o meu único caminho escolhido, o auto-governo. Posto que qualquer forma de governo sera de um grupo sobre outro, isso é inaceitável no quadro das diferenças humanas. No máximo, acho que atingiremos uma sociedade tolerante, e isso me bastaria no meu tempo de vida.

O que será feito quando todas as diferenças forem consideradas naturias e aceitas como parte da espécie, isso eu deixo para as próximas gerações.

Iama K
Enviado por Iama K em 31/07/2011
Reeditado em 31/07/2011
Código do texto: T3130027
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