A Juventude na construção de um Brasil sem Miséria
No ano de 2011, muitos desafios se apontaram ao Brasil e a contínua construção democrática, entre estes desafios diversas conferências que perpassam pelos setores da saúde pública, da Assistência Social, da Segurança Alimentar, das políticas voltadas a criança e ao adolescente, das políticas voltadas à mulher e como não deixar de falar, voltadas também ao seguimento juvenil.
Simbolicamente, a 2ª Conferência Nacional de Juventude tem um caráter diferente da primeira, esta simboliza consolidar o que se conseguiu reafirmar na constituição federal, a juventude como direito sinalizado após aprovação da PEC 65/2010 e descrita no Art. 227 da constituição:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Esta conquista que está positivada na carta magna do Brasil passa agora para esta segunda etapa de controle social com o desafio de efetivação, mas para isto algumas estratégias devem ser percebidas e adotadas.
Que tipo de juventude, principalmente os movimentos sociais e as organizações juvenis com o viés de esquerda simbolizam e devem representar? Quem são estes jovens que para além da universalidade necessitam da proteção integral do estado na busca do direito ao que foi positivado? Quem são os atores que para além do setor privado tendem apenas ao setor público buscar tais garantias?
Estas perguntas remetem a buscar certos dados como no do Programa Nacional de Amostra de Domicílios PNAD/2010 onde aponta que 58 milhões de moradias possuem acesso a internet, então, o nosso papel seria dialogar principalmente com este outro Brasil majoritariamente excluído da comunicação virtual e das redes sociais.
Nosso papel também cumpre dialogar com estes mais de 80% da população juvenil que não tem acesso ao ensino superior como mostram dados do Ministério da Educação, afinal, estamos falando de uma grande parcela da juventude que si quer chega a completar a máxima escolaridade ou até mesmo não completam o ensino médio ou profissionalizante. Passam por sua vez o esquecimento dos piores postos no mercado de trabalho.
Lembrar que mais de 70% dos encarcerados no Brasil como apresentam dados no Ministério da Justiça são jovens entre 18 a 29 anos, esta população que chega a cerca de 400 mil jovens entre aqueles que aguardam julgamento ou já foram condenados. Os mesmo dispostos a todo tipo de violência, opressão e cidadania cerceada pelas grades.
É sobre a defesa intransigente dos direitos de uma juventude que teve sua infância explorada no trabalho infantil, hoje compreendem as margens econômicas proponentes ou beneficiarias das políticas de transferência de renda como o Programa Bolsa Família, é esta juventude a qual nos cerca a dizer que precisamos ainda consolidar o que foi afirmado constitucionalmente.
Assim, com tais argumentos apresentados não pelos próprios jovens, mas sinalizados na idéia da vigilância sócio assistencial dos governos temos um compromisso primordial em pensar que de todas as juventudes existentes em território nacional, esta juventude, maioria em população, precária no que se entende como garantias sociais, civis e políticas e abastada de condições dignas de sobrevivência nos remete a uma só idéia.
Que não podemos pensar em direitos para a juventude sem antes fazer uma opção pela juventude mais pobre, por uma juventude onde temos uma dívida social historicamente esquecida que assim como sinaliza o Art. 227, temos o dever de “colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Se não for este nosso compromisso, estaremos enquanto cidadãs e cidadãos dotados ao fracasso em nossa luta por um país sem miséria.