TRIBOS que participamos
Ontem me contaram que um conhecido, ex-integrante da liderança do Centro Espírita que participo, converteu-se ao Islamismo, e tal qual um verdadeiro muçulmano, começa a mudar sua aparência física, deixando crescer inclusive a barbicha. Foi inevitável a pergunta: por que nós, seres sociais, temos essa necessidade de participar e integrar uma “tribo” específica, fazendo-nos parecer com este ou aquele grupo?
Lembrei que há mais de dez anos atrás “fiz parte” da tribo country, usando inclusive chapéu falso de borracha, bota e jeans apertado para sair dançar à noite. Eu e meu esposo nos divertimos muito naquela época! Sábado à noite na via rápida de Curitiba era muito comum os carros passando cheios de “cowboys do asfalto” com seus chapéus de borracha – exatamente como os que eu usava (risos).
Depois, uns cinco anos atrás “me converti” à tribo dos roqueiros – e nesta tribo meu esposo não me acompanhou, ganhando o apelido carinhoso de “capiau” por continuar curtindo o velho e bom sertanejo. Enquanto isso eu adotava a roupa preta, os longos colares de metal, ressuscitava as músicas da antiga banda Guns N’ Roses, viajava nos solos de guitarra e assim era feliz!
Essa fase também passou (embora o gosto pelo rock tenha continuado). Mas agora estou numa fase mais light, lendo de Kardec ao Bhagavad Gita, e me esforçando para diminuir diariamente meu consumo de carne vermelha. E olho à minha volta as pessoas – especialmente os jovens – se “filiando” a grupos e tribos diversas numa tentativa de dizer ao mundo: “Ei, olhe só para mim! Este sou eu! Tá vendo? É isto o que eu sou!”.
Nesta tentativa de firmar a própria personalidade, tentando encontrar seu referencial em algum grupo específico, surgem diversas tribos: a tribo dos ambientalistas e ecochatos (ok, confesso, eu sou uma ecochata também!), e a tribo dos religiosos de plantão; tem também os nerds e filósofos, os tecnológicos com seus tablets e celulares de última geração; tem os góticos e os emos com suas longas franjas, e agora até os coloridos seguindo a linha Restart. Conheço algumas feministas engajadas em protestos na luta por seus direitos, mas tem também os descolados, e os hips com seus violões e o lema de “paz e amor” (nessa tribo também tenho um dedinho...risos).
São tantas tribos que nos vinculamos que é difícil listar todas elas. Ah, mas não posso deixar de comentar a tribo daqueles que se acham “elite” ou lutam para conseguir adentrar nesta tribo tão mergulhada na ilusão.
Entre tantos grupos, “tribos”, fantasias e associações, segue o ser social, em busca de sua própria auto-afirmação, em busca de seu verdadeiro “eu” e a satisfação do ego na sede por sua identificação.
É fato que o ser humano carrega consigo um vazio, e essa busca e filiações é apenas uma tentativa de preencher esse vácuo, nem que seja por um tempo determinado... quando então sentimos que é hora de migrar – mudar de tribo e ser feliz.