MARKETING NAS IGREJAS (MÁRKETIN'NK SE EKKLISÍES)
O Marketing é um termo muito em alta nos dias de hoje. Há quem diga que o marketing é o departamento mais importante de uma empresa. Veja o que diz Reinaldo Muller, consultor de marketing em seu artigo no portal do marketing: "Marketing é criar, manter e aprimorar relacionamentos com os clientes e outros públicos alvo com a finalidade de lucro, de modo que os objetivos das partes envolvidas sejam atingidos (Saul Faingaus Bekin — o “criador” do Endomarketing). O marketing também, inclui desenvolver atividades que incorporem conteúdos de valor que possam não somente atender bem o cliente, mas, “encantá-lo”!
Muitas igrejas hoje estão se valendo do marketing para encantar pessoas e aumentar seus lucros. Cada vez mais estão presentes nas mídias e redes sociais, muitas inclusive com seus próprios canais de comunicação como emissoras de rádio e televisão, onde vendem seus produtos utilizando-se das mais variadas técnicas de marketing com resultados muito expressivos. Não sou contrário ao uso das mídias para a divulgação do evangelho, afinal, o evangelho deve ser pregado a todas as pessoas como Jesus ordenou(Marcos 16:15) e a melhor maneira de se fazer isso nos dias de hoje é usando as mídias. O que me incomoda é a forma como muitas igrejas tem feito isso. Jesus tem sido vendido como uma mercadoria. São muitos os apelos para que pessoas façam parte das denominações com promessas de curas, milagres e prosperidade. Na idade média a igreja romana vendia indulgências e prometia que quem as comprasse ficaria livre do purgatório e garantiria seu lugar no céu por toda a eternidade. Foi uma iniciativa de marketing que encheu os cofres da igreja e deixou muitas pessoas enganadas e com a certeza de que viveriam a eternidade com Deus. Parece absurdo crer que as pessoas acreditavam que poderiam comprar a salvação mas, infelizmente, parece que acreditavam(será?). Só que as indulgências tinham dois poréns: a) somente os ricos conseguiam comprá-las(para a sorte dos pobres); b) o resultado ninguém conhecia pois só seria obtido após a morte do indultado. A sociedade mudou, mas o desejo de salvação no ser humano não. Hoje vivemos na era do marketing de resultados e as igrejas evangélicas modernas deram um passo a mais e estão vendendo o evangelho da prosperidade, onde os compradores supostamente recebem não só o benefício de viver a eternidade com Jesus mas também os benefícios aqui nesta vida, de imediato. A estratégia de marketing é muito forte. Ouço no rádio, na televisão, vejo na internet, em todos os lugares os convites para participar desta ou daquela igreja que sua recompensa virá imediatamente, basta você determinar sua bênção e Deus tem obrigação de te dar, afinal, Ele prometeu. Como no marketing comercial onde as empresas apresentam produtos, serviços, preços e condições de pagamento tentadores, como iscas visando fisgar os consumidores afoitos por supostos bons negócios sem se importarem com a verdade das informações, as igrejas tem feito seu marketing oferecendo curas, milagres, prosperidade e salvação atraindo verdadeiros consumidores espirituais que pretendem fazer bons negócios com Deus. Além disso temos visto verdadeiras batalhas individuais entre pastores que fazem seu prosopikí márketin'nk(marketing pessoal) para ver quem é o melhor líder, quem consegue angariar mais ovelhas para seu rebanho, acusando-se mutuamente e apontando os defeitos dos outros.
Muitos tem sido levados a sacrificar-se pela recompensa, graças ao marketing que é feito em cima do tema prosperidade. Todos queremos ser prósperos, mas Jesus jamais agiu assim para ter seguidores. Não se vê nas escrituras sagradas Jesus fazendo apelo para as multidões o seguirem em troca de curas, milagres ou prosperidade. Ao contrário, nós O vemos recomendando ao jovem rico que venda tudo o que tem, dê aos pobres e siga-O(Mateus 19:21). O vemos discutindo com sua mãe por não querer realizar um milagre nas bodas de Caná por não julgar ainda o momento(João 2:4). O vemos curando um enfermo sem sequer estar na presença dele(João 4:47-54). Jesus não fazia emporía(marketing) do céu e muito menos prosopikí márketin'nk(marketing pessoal). Não vendia perdão de pecados, não anunciava noite de milagres, não convidava o povo para provar sua fé dando mais do que lhes era determinado em sua palavra.
O que acontece com as pessoas? Onde está aquela fé genuína do cristianismo, onde o que importa é a entrega total a Jesus não importando os resultados terrenos que isso venha a implicar? Por quê as pessoas têm necessidade de negociar sempre? Será que não percebem que agindo assim estão na verdade tentando vender sua alma e não entregando-a como Deus deseja? Será que não entendem que Jesus já pagou o preço com seu sangue para salvar-nos e nada mais precisa nos dar para provar que nos ama e que quer nos ver felizes e salvos? Deus jamais vai se utilizar do marketing para salvar almas. Jamais vai fazer negociatas para encher o seu reino. Cristãos sinceros como o apóstolo Paulo satisfazem-se com as palavras de Jesus: "a Minha graça te basta."
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