A Armadilha da Vingança

Pelo menos na aparência, recrudesceu no País o desejo de justiça, como temos visto na indgnação da sociedade diante de alguns crimes recentes. E por que digo isso? Porque pela manifestação de alguns, pareceu-me muito mais o propósito de vingança do que de justiça. E a distância entre uma coisa e outra pode tornar-se realmente muito tênue. Poderíamos afirmar que a justiça se caracteriza pela afirmação da verdade e procede do bem. Já a vingança é marcada pela afirmação do ódio, do rancor, e parece-me, por isso mesmo, algo do mal. A justiça traz consigo um sentimento de paz, ainda que as seqüelas do sofrimento permaneçam. Algo errado foi justamente apenado. E basta. A vingança, carrega o espírito de revanche e nunca se dá por satisfeita. Por maior que tenha sido o castigo. Na vingança, o indivíduo arvora-se no direito de julgar, condenar e executar. O ciclo, mesmo assim, não se fecha.

Recorro aos ensinamentos de Cristo. Não especificamente ao aspecto do perdão, mas em relação às nossas atitudes diante dos nossos opressores. “Ouvistes que foi dito: olho, por olho e dente, por dente”(vingança). “Eu porém voz digo: que não resistais ao homem mau; mas a qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra e se alguém te obrigar a andar mil passos, vai com ele dois”(Mateus: 5:38 a 41). E mais: “Amai aos vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”(Mateus 5:44). Ou quem sabe buscasse os ensinos do Apóstolo Paulo quando diz: “se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer: se tiver sede dá-lhe de beber: porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”(Romanos: 12:20 e 21).

Deus não nos trata com vingança nem com o rigor da justiça que merecíamos, diante de tanta desobediência, mas com misericórdia e graça, que é favor imerecido. Em Cristo fomos justificados e pelo arrependimento e aceitação do seu sacrifício, somos perdoados. “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”(Romanos: 8:1). Estamos livres de qualquer tribunal. Por isso, nos nossos relacionamentos, tenhamos todo o zelo para não cairmos na ardilosa e tênue distância entre o que é justiça e o que é vingança. Que para tanto Deus nos dê sabedoria.