A CHACOTA DOS TORCEDORES

A paixão pelo futebol não é somente domínio nosso. Basta ver o que acontece na Espanha, na Inglaterra, na Itália e em outros países. O que existe são as diferenças educacionais e comportamentais. Aqui, ainda somos tupiniquins. Atiramos objetos pelas janelas dos carros ou dos ônibus; sujamos as ruas; proferimos palavrões; desrespeitamos os outros; etc. Na essência, somos todos iguais. As chacotas entre os torcedores devem ser algo saudável, nos limites do bom comportamento humano, o que nem sempre acontece. Nada como “gozar” o adversário diante de uma derrota do seu time. Mas é preciso ter bom senso, educação. Se chacoteio um amigo, tenho que conhecê-lo bem e saber que assimilará a brincadeira. Do contrário, posso perder a amizade. Mas, se é isso que se quer, eis uma boa oportunidade. Quando perco, não fico nada satisfeito e para evitar as chacotas indigestas, prefiro a reclusão. Também quando ganho, não costumo “mexer” com quem não conheço e até mesmo evito as “gozações” com alguns que conheço, por razões óbvias. Nem todos reagem bem a chacota. A atitude pode ser interpretada como de provocação e há pavios curtos ou limites de tolerância. Se a chacota é ofensiva então, pode desencadear reações desagradáveis. Minha médica, alvirubra dos pés róseos, diz que, como rubronegro, queria me ver morto, mas como médica tinha que zelar pela minha saúde. Uma outra senhora amiga, capixaba de nascimento, mas flamenguista, como tantos espalhados por esse Brasil afora, me diz que gosta quando o Sport perde porque ouve menos palavrões de suas vizinhanças. Fiz ver a ela que, no meu caso, isso ocorre em relação a alvirubros e tricolores. Certamente que a rubronegros também. Tudo deve ser levado com esportividade, obedecidos os limites de cada um. Ora, se a chacota é dirigida a quem não conheço, a ação é de pura provocação e tem trazido os desmembramentos tão conhecidos. Daí as brigas entre torcidas. No calor, ou cabeça quente, da derrota, o ser humano tende a perder o seu equilíbrio. Se sei que isso pode acontecer e insisto, estou provocando uma reação e sendo insensato. Como reagiria se a situação fosse inversa? É o tipo da brincadeira que somente se deve ter com quem se conhece. E muito bem. As diversas circunstâncias em que anda mergulhada a sociedade, as quais não serão aqui discutidas, tem influenciado sobremaneira o comportamento humano, sem que exista justificativas para tanto.

Daí o meu apelo ao equilíbrio dos torcedores. Quando pressentir que alguém quer lhe provocar, fuga. Se você é daqueles que não conseguem ser alvo das chacotas, fuga também. Mas se você é daqueles que assimila, até determinado ponto, tudo muito bem, ouça, processe, concorde, discorde, argumente e espere a oportunidade de dar o troco. Se for o caso. O mundo não se acabou. É apenas um esporte e lembre-se que outras partidas virão, outros campeonatos também. Equilíbrio gente.