Velozes e Furiosos e Arrogantes.
A arrogância dos americanos e dos nacionais das demais potências em relação aos países menos favorecidos é conhecida por todos, a notoriedade do quanto estes povos se acham superiores não deixa dúvidas a respeito do quanto estão caminhando para a própria destruição.
Mas quando isto fica explicitado e documentado em um filme, parece que se está chegando ao limite do imperialismo em especial dos Estados Unidos da América em relação aos demais países.
No filme Velozos e Furiosos 5, o alvo dos americanos é o Rio de Janeiro, e a trama (se é que se pode classificar a estorinha criada como tal) tende a dar enfoque ao povo do Rio de Janeiro - na verdade o povo brasileiro, como povo colonizado, como "índios" - não no sentido de cultura milenar que deve ser preservada e valorizada, mas no sentido de ausência de capacidade mental e moral diante da "pseudo raça ariana" dos americanos.
Pois bem, a estorinha trata de meia dúzia de criminosos americanos que fogem para o Rio de Janeiro e decidem assaltar o maior líder criminoso de toda a cidade, e obterem o valor de cem milhões de dólares, com a empreitada.
Para combater os "super criminosos", são convocados
"super policiais" americanos que, com toda sua parafernália tecnológica, chegam ao aeroporto dizendo para a policia local não intervir em seus caminhos, pois são todos corruptos e vendidos (nestes termos mesmo).
O que se segue então é um show de efeitos especiais e tiroteios entre policia e ladrão, tendo como intervenientes não convidados os criminosos das favelas, que são mortos a todo momento.
Chamamos atenção para a cena em que três policiais americanos "super equipados" aparecem durante um tiroteio no alto de um barraco e matam dezenas de traficantes -como se estes fossem meros índios com seus arcos e flexas contra os armados "dominadores/colonizadores", com suas fantasias espaciais.
Mas o descalabro não para por ai, como se não bastasse os "velozes e furiosos" estarem em busca de desbancar o rei do crime no Rio de Janeiro, eles devem ter capacidade para tirar os cem milhões do "super cofre" criado pelo mesmo, que situa-se dentro do quartel general da policia do Rio de Janeiro - È isso mesmo: o rei do crime no Rio guarda seu dinheiro dentro do quartel general da policia! - esta é a estorinha do filme.
Diante disto, tem-se que os criminosos americanos - que são somente meia dúzia de "velozes e furiosos" vão assaltar o rei do crime do Rio de Janeiro e ainda toda a polícia carioca!
È de se pasmar a ousadia dos diretores desta bobajada !
Ora, trata-se de superioridade racial sugerida de forma explícita em um filme que vai às telas de todo o mundo.
Para clarear ainda mais o que este texto defende, reproduzimos abaixo o diálogo entre o Rei do crime, que será assaltado pelos "velozes e furisosos" e seus comparsas (fazendo clara menção à relação colonizados e colonizadores), abaixo:
"- Os colonizadores espanhóis erraram, pois chegaram a este país fazendo guerra com os índios e morreram todos."
e prossegue em seu "brilhante" raciocínio:
"- Os portugueses por sua vez foram mais inteligentes, vieram com presentes , bugingangas - espelho, pente, etc, e ganharam a confiança deles, por isto a lingua oficial é o português."
Em suma, a obra, ou melhor o projeto de obra, enfoca a luta entre um rei do crime no Rio de Janeiro, meia dúzia de criminosos americanos "velozes e furiosos" e alguns policiais americanos "super equipados" no Rio de Janeiro e um bando de traficantes e de policiais cariocas desorganizados e "atrapalhados" que servem tão somente para assumir uma posição secundária na trama na condição de povo "colonizado" e sem capacidade para luta e combate, tão somente para fazer as vezes de índios - no sentido depreciativo da palavra e não no sentido de uma cultura milenar e bela que deve ser cultivada e preservada para as gerações vindouras.
O restante do filme não temos condições de relatar pois, tamanho o insulto e a fantasia e a baixa qualidade criativa, ausentamo-nos do local.
A liberdade de manifestação cultural é uma garantia legal feita para ser seguida, mas há certos filmes que são verdadeiras ofensas diretas a um país e a seu povo ( uma real e explícita difusão da idéia de superioridade racial), propagando que brasileiros são um bando de
"colonizados" e desorganizados. Para tais casos, deveria haver interevenção estatal, ou alguma forma de controle, pelo menos para que crianças não assistissem a tal "viagem delirante" que acabam ensinando o que não corresponde à realidade.
Por outro lado, a arrogância e a prepotência, morrem por si próprios, e quem propaga superioridade em relação aos demais, já está previamente condenado ao fracasso, como temos visto no caso dos Estados Unidos que se encontram em linha descendente em relação aos países emergentes no cenário mundial.