A ALEGRIA DOS OUTROS...
O Dalai-Lama, que admiro muito, estava hospedado num hotel para uma temporada de palestras nos Estados Unidos e, certa manhã, depois de sua palestra aberta ao público, seguia por um pátio externo no caminho de volta aos seus aposentos, seguido pelo séquito de costume.
Ao avistar uma camareira do hotel parada próximo dos elevadores, ele parou para perguntar de onde ela era. Por um momento, ela ficou surpresa com aquele homem de aparência um tanto exótica, de vestes marrom-avermelhadas, e demonstrou estar intrigada com a deferência daquele grupo de pessoas.
Depois, ela sorriu e, meio tímida, disse que era do México.
O Dalai-Lama fez uma rápida pausa para falar com ela e seguiu adiante, deixando-a com uma expressão de enlevo e feliz da vida.
No dia seguinte, à mesma hora, ela apareceu no mesmo local com outra integrante da equipe de camareiras, e as duas o cumprimentaram calorosamente enquanto ele ia entrando no elevador. Foi um momento rápido, mas as duas pareciam radiantes de felicidade enquanto voltavam ao trabalho.
Todos os dias a seguir, reuniam-se a elas mais algumas camareiras no local e horário designado, até que no final da semana já havia ali inúmeras camareiras, nos seus uniformes engomados, formando uma espécie de linha de recepção que se estendia ao longo do trajeto até os elevadores.
Tudo aquilo era um rápido momento de felicidade para aquelas criaturas e o Dalai-Lama contribuía para isso...
Entretanto, muitas “celebridades” costumam demonstrar o quanto estão longe da espiritualização por conta das atitudes que tomam diante de seus admiradores.
No ano passado, a televisão mostrou uma cena onde um garotinho corre com um boné nas mãos ao encontro do piloto de Fórmula 1 Michael Schummacher pedindo um autógrafo. O cara faz um gesto como a dizer que estava com pressa, se afasta e deixa o menino frustrado. Imagino que o pobrezinho ficou dias curtindo a decepção, a tristeza. E não era nenhuma modelo sensual querendo se promover... Era pura e simplesmente uma criança, um fã mirim que idolatrava o piloto...
Aqui no Brasil já vimos inúmeros casos semelhantes protagonizados por “estrelas” locais.
Às vezes, numa simples atitude pode-se fazer a felicidade ou o desar de alguém...
Quando se atinge um estado de espiritualização positiva, as pessoas entendem que sua felicidade depende da alegria dos outros, afinal, tudo passa tão depressa nessa vida...
Alguém narrou um interessante fato envolvendo Chico Xavier, o homem chamado amor, que foi procurado por um sujeito que lhe disse:
- Chico, não sei o que se passa comigo! Tenho ótima família, filhos lindos, tenho muito dinheiro, posição social, enfim, materialmente estou realizado na vida. Todavia, sinto um imenso vazio na alma, um espaço que nada parece preencher... O que me falta Chico?
Chico faz um gesto como se estivesse concentrado, ouvindo a voz de alguém, e a seguir afirma:
- O que lhe falta, meu amigo, é a alegria dos outros! E completou:
- Experimente trabalhar em favor do semelhante carente de tudo, fazer a alegria dele e terá preenchido seu vazio interior...
O sujeito entendeu o recado e seguiu adiante, pensando no início imediato de conseguir a alegria dos outros.
Quem já sentiu o prazer de fazer a alegria dos outros sabe muito bem o que estou falando. Aqueles olhinhos olhando a gente com tanta alegria que nos emociona. E isso nos faz tão felizes...
Quem não sentiu isso ainda, experimente tentar...