SEXO A GRANEL.
De repente fazer sexo não é problema. Ele ainda não é vendido nos supermercados nem nos shopping. Tampouco ainda não se compra pronto – tem que ser feito, ainda bem. Fazer sexo é tão fácil como não fazer. O diferencial é a atitude de ir buscar ou esperar que ele venha. Esperando demora mais um pouquinho, mas chega. Indo buscar se arrisca mais aos prazeres de Eros tipo: cor, tamanho, espessura, largura, cheiro, flexibilidade e certificado de uso e funcionamento. Não é problema, principalmente para os apreciadores de sexo fora da ortodoxia estabelecida. Gay faz sexo com a maior tranqüilidade, a despeito de algum tipo de preconceito que ainda encontra, mas que, diante da atitude acertada do Supremo Tribunal Federal, acerca do reconhecimento homoafetivo, tudo fica abrandado. Até os que moram nos armários, agora estão mais a cavalheiro, literalmente. Quero dizer, passando um belo cavalheiro montado em um cavalo branco, leva o enrustido para as profundezas do céu inusitado das mais íntimas emoções.
Houve um tempo em que muita gente dizia que determinados homens não eram gays, mas “educados”, “finos”, “criados com vó”... Hoje não há mais tanto estereótipo assim, principalmente porque já existem muitas mulheres goiabas. Diferentes das mulheres frutas, estas são Goiabas porque “dão à bicha” (goiaba não dá o bicho?) e são felizes com isto. Alegam que as bibas são mais atenciosas e dão conta do “recado”.
Por outro lado, as sapatas estão de bem com a vida. Já andam de mãos dadas com suas namoridas, tal qual os gays. No tocante a fazer sexo, fazem com igual facilidade, embora a gente saiba que a homossexualidade feminina não seja tão tolerada como a masculina, mas há controvérsias. Lá e cá, quero dizer, as pessoas homo ou heteras vivem um novo momento de aceitação diante de alguns países importantes que legalizaram as relações homo afetivas.
Independente, sendo gente está fazendo sexo com facilidade. A lógica matuta de que “não falta sapato velho pra pé doente” está mais viva do que nunca. Neste sentido tudo colabora, inclusive a existência de locais alternativos como cinemas. Pra quem não conhece, a grande maioria dos cinemas que exibem filmes pornôs dispõe de estrutura para se fazer sexo em todos os gostos, preferências e modalidades. Dentro deles há barzinho, cabines abertas e fechadas, gatis e pagas, filmes em formatos de cinemas e em DVD via televisão de plasma. Projeções homo e hetero para atender ao gosto de todos os clientes. Lá dentro também há lanchonetes, refeições executivas, bebidas de todos os tipos, inclusive garotas e garotos de programas com seus “cardápios e preços variados”... Essa proposta avançada de fazer sexo sem maiores compromissos é resultante destes tempos modernos onde o amor está aos poucos, sendo posto nos baús afetivos dos museus sentimentais das grandes cidades.
Afora a solidão que lá não é vencida, exceto por alguns momentos de volúpia, esses cinemas e casas congêneres, são um abrigo para quem é tímido; para quem não está a fim de nada sério, para quem gosta de voyeurismo, de sair um pouco do “armário” ou exercitar o lado biscate que todos parecem ter. É uma boa alternativa para alguns profissionais da Sociologia e Psicologia desenvolverem alguma pesquisa nessa área, contribuindo em muito na identificação sistemática desses novos adeptos de uma vida sexual livre de maiores compromissos, mas certamente imiscuídos numa profunda solidão...
Fazer sexo, como vimos, é fácil. Facílimo, por que não dizer? A prática modernosa do ficar está aí pra não ficar, mas permanece como forma de indução de relações passageiras serem rotuladas de “permanentes”... Até que uma nova pessoa entre no banquete que cada pessoa leva consigo pra servir, preferencialmente, na cama... O grande dilema, ao que tudo nos configura, é o substrato disto. Ficar não deve ser ruim, senão ninguém ficava. É como dá o “C”, se fosse ruim também ninguém dava. Talvez o que não se resolva no ficar é a angustia que “não se sentir de alguém deixa”. A nosso ver não é careta querer ser de alguém. O ruim disto é querer ser de alguém além do limite que cada relação naturalmente estabelece. Talvez no contexto Drummond do “infinito enquanto dure”, ou “duro”, a gente encontre mais sustança conceitual...
A solidão toma conta das pessoas em cada esquina. O sexo está exposto pra elas em cada esquina. O afeto não está em cada esquina. O carinho não está no bolso do Boy nem da garota de programa da esquina...
Pra não me esquecer, lembro do sexo que se faz via CAM. Do GOZOFONE – sexo feito por telefone. Prefiro fazer “justiça com minhas próprias mãos”. Prefiro apostar no amor e vencer a solidão. Sem querer ser reducionista, acho que a maioria dos que andam por aí fazendo campeonato de sexo, apresentam alguma incompetência para chegar ao outro e com ele ou ela, construírem uma proposta de afeto...