O nível das águas vai subir mais?
O nível de água vai subir mais?
No início de janeiro de 2011 a região serrana (RJ) foi profundamente arrasada por fortes chuvas seguidas de desmoronamento de encostas, transbordamento de rios, quedas de construções e alagamentos de pólos urbanos. Centenas de vidas perdidas.
No início de abril de 2011 o Japão sofreu com fortes terremotos. Várias localidades destruídas.
Até usina nuclear foi afetada trazendo maior pânico para a população. Centenas de vidas perdidas.
Apesar de ser difícil definir comparações entre as gravidades dos dois eventos, com certeza podemos observar enormes diferenças entre as ações posteriores das autoridades.
No Japão, com quase total certeza, até o final de 2011 pelo menos 75% das regiões afetadas estarão recuperadas. Aqui no Rio, nem 25% estarão recompostas. Ainda podemos encontrar vias obstruídas pela lama nestas regiões, bem como detritos acumulados ao longo de algumas vias de acesso. Para felicidade da população de ratos, cobras, carrapatos e assemelhados.
Pelos seguintes fatos básicos (vamos citar apenas o procedimento daqui sabendo que lá é o oposto integralmente ou pelo menos 100 vezes melhor).
1 – As autoridades não se importam com a qualidade de vida do povo. Apenas com os impostos que os habitantes pagam e em quem votam.
2 – Elas só se pronunciam nos dias subseqüentes às tragédias, enquanto a mídia exibe o estrago ocorrido por culpa da Natureza que responde às negligências humanas. Depois torcem para que a Natureza se acalme e a situação se restabeleça pelo esforço das comunidades abandonadas. Mas como uma pessoa que tem meios econômicos pode reerguer sua casa se as vias públicas obstruídas não permitem a chegada do material?
3 – Não existem verbas previstas para tais fatos.
4 – Dos recursos fornecidos (a maior parte vem da sociedade comovida), mais de 50% são desviados e se estragam pela estrutura falha (ou que nem existe) para conduzir o processo de recuperação com rapidez.
5 – O estado de caos permanente é um sólido trampolim para a próxima campanha eleitoral.
6 – O estado de miséria constante propicia a solicitação freqüente de novas verbas.
Além destes fatores, existem outros tantos que agora não nos ocorrem.
E todos eles estão sempre ativos por um único motivo: nosso povo não tem fibra suficiente para pressionar permanentemente os ratos que ele (povo) coloca no poder e se satisfaz com as apresentações regulares dos baixos programas de TV.
Se cada comunidade tivesse um mínimo de organização e disposição para exigir seus direitos em troca dos elevados impostos que pagamos, a Praça da Bandeira (RJ) não teria ficado inundada pela 75ª. vez nos últimos 80 anos após chuvas de 30 minutos. Quando a 5ª. ou 6ª. enchente tivesse destruído as casas e lojas da região, os afetados já teriam se juntado e definido uma atitude forte para pressionar as ações necessárias para resolver o problema. E receberiam o apoio de outros bairros que também sofrem na mesma proporção com um acontecimento que faz parte do ciclo meteorológico desde que o planeta foi formado!
No entanto, a população prefere ficar em frente ao monitor colorido (em HD dá para ver os pelos genitais das beldades) se drogando com as “inculturas” exibidas e transforma cada cidadão num mero integrante da “manada” que chancela as farsas eleitorais regulares.
Se o copo de cerveja estiver cheio, o que importa se o nível das águas cobre metade das paredes das casas, das escolas e dos hospitais?
Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ
Autor do livro: Brinque e cresça feliz