RELAÇÕES

Ao discutir a relação dos outros, dispense a sua. Qualquer diferença é mera semelhança. A contradição se contém no pensar que não existe diferença. E o consolo é não aceitar a igualdade por questão de ser igual.

É do humano, contestar a igualdade. Na diferença, todos são iguais, basta não aceitar. Não, não há culpas nem culpados, condena-se o outro e pronto.

De si, mantém-se a razão de julgar sem a vivência alheia em seus porquês.

Ser diferente cumpre a exigência do ego e a perpetuação da espécie no sentido de linhagem. O que intriga é a necessidade de contestar a diferença quando ela não difere e aí se contesta a igualdade.

- Somos muito diferentes - diz o outro – por isso não podemos dar certo. Ora fôssemos iguais, seríamos irmãos gêmeos ou seres congênitos de maior igualdade.

- Somos muito iguais, acho que a nossa relação acabará por monotonia – retruca o outro.

São duas relações divergentes em suas semelhanças. As igualdades se diferem, as diferenças se igualam. O julgamento usurpa o direito e as coloca no seu contexto de como deveriam ser, porém, não as aceitaria.

Discutir relações não significa contestar nem mudar, mas sim, não aceitar quando não é a sua. Não se discute relações, senão ao seu próprio gosto de não gostá-las. Adaptá-las ou mudá-las, bom seria. Pena que a si não servem. Mesmo que o outro conseguisse se adaptar ao seu modo. Discutiria então as igualdades.

Mas o que alimenta a discussão das relações, se nada muda? Relações em discussão acabam sem acordos porque acordam quando o amor entrou em férias e o tempo não volta atrás. Então as diferenças iguais entre si discutem, mas não permitem que igualdades se difiram.

...aí, se discute relações.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 13/05/2011
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