Quando a GENTE é a GENTE mesmo ?
Quando a gente é a gente mesmo?
Pronto? Já respondeu? Estou esperando. É o normal de se fazer. A gente quer respostas quando faz perguntas. Ou será que a gente espera mais perguntas quando finalmente tem uma resposta?
O melhor seria nem escrever nada do que virá na seqüência, porque não haverá um fato consumado, apenas o pensar e mais pensar das coisas e nenhum lugar concreto pra pisar... Mas se é que alguém nunca pensou nisso, é bom que isto esteja escrito.
Porque confunde, porque repreende, porque até mesmo dói e perturba, mas é essencial, pra gente poder se situar, e saber se está certo, ou totalmente errado?
Com a pergunta a cima, começa o nosso primeiro problema: quando sabemos se estamos certos? As simples coisas, não as regadas pela lei, mas a simples coisas. Uma roupa por exemplo, como sabemos se ela está certa? Porque alguém nos fala, ou uma influencia nos faz falar. Mas este “certou ou errado” é o ponto de vista daquela pessoa, ou daquele individuo, e a influencia lembrada, é de responsabilidade também de algum individuo que a implantou. Nós somos todo construídos pelo mundo, pitadas de ”coisinhas e coisonas aqui e ali. É muito difícil ser original, até mesmo porque a originalidade é bastante influenciada por alguém que já a praticou ou pratica.
Vem agora a grande questão! Vamos receber com uma salva de palmas, ela, a pergunta da vez: “Porque somos uma pessoa diferente cm cada grupo social em que vivemos?”
Pronto? Já respondeu? Estou esperando. É o normal de se fazer. A gente quer respostas quando faz perguntas. Ou será que a gente espera mais perguntas quando finalmente tem uma resposta?
Espero não estar mentindo. Espero que respondendo (se é que achou uma resposta) ela não seja uma aqui e outra lá. Ao mesmo tempo que acaba sendo normal, é anormal, irritante na verdade, e agente confunde estas múltiplas personalidades com falsidade. Será que não é mesmo?
Quando estamos com nossos pais, somos alguém, temos algumas atitudes clichês, gestos e trejeitos, até mesmo palavras que são apenas usadas ali. Imaginem: Você estava com amigos, e vai para casa onde estão seus pais e família em geral, e é como se do modo “AMIGOS UHUUUUUUL VAMOS VIVER TUDO DE BOM”,você de repente ativasse em seu cérebro e corpo o modo “VOCÊS SÃO MEU ORGULHO, AMO TODOS, QUE BOM VÊ-LOS AQUI!” E assim acontece sucessivamente, em cada atitude ou grupo social que iremos fazer parte. Obviamente o do trabalho é o mais usado, e na maioria são todos muito clichês, parecidos, quando não iguais, porque não podemos er muito estranhos, temo medo! Medo da rejeição, medo de ser excluídos dos meios em que vivemos, medo de enfrentar as dificuldade de por algum modo “ser diferente”.
Deveria estar na constituição: “Você deve expressar sua verdadeira personalidade no mínimo 8 horas diárias.” Mas isto nunca acontecerá, pois a constituição é feita por políticos, e para eles, quanto mais mecânicos formos melhor, pois assim podem continuar comandando a sua maneira nossa raça. E outra porque de que forma haveria fiscalização para o cumprimento desta lei? E outra ainda: Qual é nossa verdadeira personalidade? A do trabalho, a de casa, a da reunião de amigos, a da balada?
O ser humano “camaleoa”. Onde quer que vá assume uma postura, e tem vergonha de ter uma só para tudo... Porque você não sabe qual é a postura do outro, e tem de adaptar-se se quiser fazer parte daquele grupo. Alguns conseguem adaptar diversos pontos para todos os locais, mas apenas alguns.
Nós temos vergonha de assumir muitas coisas que gostamos de verdade.
O que nós realmente queremos desta vida? Existem dois momentos desta busca: a primeira, que vai até determinada faixa etária da vida é se divertir, depois de certa idade, é ser feliz. Não que se divertir não significa querer ser feliz e ser feliz divertir-se. Mas um é momento e outro mais duradouro. Divertir-se é você estar pulando e dar um grito, sentir de alguma forma adrenalina tomando todo seu corpo, e felicidade é você estar sentado com pessoas que você gosta, coisas boas acabaram de acontecer e você dá um grande sorriso e até mesmo ri lembrando de muitas coisas boas. Mais ou menos por aí.
Tudo o que é mais difícil de se fazer, todos os sacrifícios de nossa vida podem ser emanados em palavras, já tudo o que é fácil ilegal de certa forma e muito divertido é proibido. Tudo o que vá colocar sua conduta sob a dúvida de estar sendo digna de alguém daquele grupo ou não, é omitida. Ninguém revela em uma entrevista de emprego que adora sair todos os finais de semana, dançar e beber uísque com energético. Por mais que seja a realidade, que procuremos todos os dias, nas possíveis atitudes a diversão... O grito cheio de adrenalina, não revelamos isso a todos, mesmo sendo todos donos desta busca, a sociedade está sempre com seu modo “COM LICENÇA SOU UMA PESSOA DE BOA ÍNDOLE QUE QUER O MELHOR A TODOS” ativado.
E é aquela que não revelamos a ninguém, que omitimos, feita por um pouco de cada uma destas que faz a nossa verdadeira, que só usamos quando estamos sozinhos, ou com alguém muito íntimo.
E não podemos ativar o modo errado porque sabemos que seremos repreendidos, ou aos poucos excluídos, ou alvo de qualquer coisa indesejável quando tentamos mixar um modo a outro.
Nós temos vergonha de dize “Eu te amo”, temos vergonha de chegar e abraçar, de ir para o outro lado, de falar o que pensamos mesmo quando estamos certos (lembre-se daquele conceito de certo e errado lá de cima, das influências).
O ideal, é se pudéssemos ter a visão perfeita das reações e duradouras repercussões sobre tudo o que iremos fazer e falar. Muita coisa no mundo acabaria, e outras muitas iniciariam
É difícil, complicado, chato, corrosivo, venenoso, e não chegamos a resposta alguma talvez. Apenas a confirmação de fatos e um suspiro: “poxa, é verdade!”
A verdade bem pesada e pelada correndo na estrada da nossa mente é que não vivemos exatamente como gostaríamos em matéria de comportamento e atitude, e talvez a gente nunca chegue a ser a gente mesmo!
Douglas Tedesco – maio de 2011