Convém desarmar?

Tantos episódios de violência têm levado muitos a defender a proibição do comércio de armas de fogo e munição, alegando que ter uma arma não protege e que são poucos os que conseguem sobreviver ou sair ilesos ao reagir com uma arma quando estão em situação de perigo. Outro argumento usado é o de que, em discussões de trânsito ou de bar que terminaram em tragédia, a causa da morte foi o fato de alguém portar uma arma. Acontecimentos como o de Realengo reforçam esse tipo de ideia.

Entretanto, por mais que devamos reconhecer que não é todo mundo que pode portar uma arma, por não ter equilíbrio psicológico nem saber manuseá-la, devemos nos perguntar se proibir o comércio será suficiente para diminuir o número de acidentes, lesões e homicídios provocados por armas de fogo. O assassino de Realengo, convém lembrar, não comprou a arma que usou no comércio legal. Ele a adquiriu ilegalmente. Grande parte das armas que circulam são ilegais. Muitos dos que andam armados compram no mercado paralelo para não pagar impostos nem ter que passar pelos testes psicotécnicos ou treinamentos. Os que têm porte legal de arma são cidadãos honestos, que pagam mais caro para estar em dia com a justiça, treinam e cumprem as regras de segurança.

O comércio de drogas também é proibido e, isso tem impedido o consumo de drogas pesadas se tornar uma verdadeira epidemia? A verdadeira atitude que se deve tomar é combater o armamento ilegal, tirar a arma do bandido, que não respeita as leis nem a vida humana. Tirar a arma de um cidadão honesto não diminuirá a violência no Brasil.