DISCURSO DE POVO: "QUE PAÍS É ESSE"?

Hoje, dia primeiro de maio de dois mil e onze, comemoramos mais um dia do trabalho, ou, a bem da verdade, mais um dia do trabalhador.

Trabalhador...qual seria a definição denotativa do tal vocábulo?

Pois bem, "trabalhador", é alguém...digamos, alguém que trabalha.

Parece simples, mas não é.

E a conotativa? Aí depende. Depende de quem faz os discursos, de quem os recebe e de como nos situamos nas diversas realidades dos nossos muitos Brasis, dentro da realidade de cada um de nós.

De fato, somos muitos, somos tantos que depois de tanto tempo de trabalhador do Trabalho, ainda vivo a me perguntar, afinal, que país somos nós.

Ser considerado trabalhador é algo tão relativo por aqui quanto a própria definição de trabalho.

Por exemplo, nossos políticos seriam trabalhadores? Lanço o pensamento.

Ainda é manhã e decerto que eclodirão comemorações por todos os lados do nosso país, afinal, somos um povo festeiro, é ou não é?

Todavia, também surgirão pensamentos e sentimentos, e deixo claro que o que me move a escrita não é apenas um coração de escritor, mas principalmente o olhar dum aspirante à cidadania de verdade.

Conheço a realidade nua e crua dos dias de trabalho do dito povo trabalhador, do qual também faço parte, e é a minha perene sensação a que hoje me permeia a tangenciar o sentimento destas minhas letras.

Os discursos dos políticos não são nada reais, uso dum eufemismo, posto que embora comemoremos efusivamente nosso crescimento dos últimos anos (social, será mesmo?) até com a recente ratificação dos votos das urnas que mantiveram nossas grandes conquistas, percebo que para que atinjamos a real dignidade cidadã de que tanto se orgulham por aí, ainda nos falta muito. Muito mesmo.

Para ser bem sincera sinto que nos falta o principal: a consciência política que só a EDUCAÇÃO nos proporcionará. Nossos atuais políticos almejariam tal alvo certeiro? Alguém trabalharia contra si mesmo?

Porém, educação sem um digno status social de cidadania, apenas nos traz mais indignações pontuais, solitárias, que não mudam cenário algum.

Estamos muito aquém de erradicar nossas misérias, basta analisá-las a olhos nús, e acreditem, haver três refeições na mesa dum trabalhador não é cidadania a ser comemorada não, é apenas o mínimo da dignidade a qualquer ser humano do planeta. Não é assim que deveríamos balizar nossos crescimentos sociais, comemorando um consumismo desenfreado dos últimos anos e que agora nos apresenta a sua aterrorizante conta: A inflação e a nítida incapacidade política de gerenciar todo o nosso caos infraestrutural...acumulados há anos.

A nossa Presidente nos discursou efusivamente um discurso lindo, digno dum primeiro mundo, a nos dizer que um país rico é um país sem pobreza.

Puxa vida, que coisa. Fico feliz em saber.

De fato, esta me parece uma conclusão redundante. É como afirmar que estaremos secos se não estivermos molhados.(?). Ou vivos se não estivermos mortos.

Somos um país dito emergente cuja qualidade de vida REAL do povo, mesmo do da dita classe média, essa classe ainda composta de pagadores de exorbitantes impostos, cujas estatísticas sociais também são manipuladas com base inclusive no consumo inconsciente, é a mesma classe média que também agoniza no sucateamento social dos equipamentos públicos que deveriam , por ordem da Carta Magna, nos fornecer A TODOS o digno que nos é de direito.

Um país que muito nos tira e quase nada nos devolve, e que mata a GALINHA DOS OVOS DE OURO, OU SEJA, O TRABALHADOR E A EMERGENTE CLASSE MÉDIA.

Falam em reforma tributária justa? Eu duvido.

Duvido que os políticos de hoje abririam mão da enxurrada de impostos que pagamos e que servem para bancar todas as nossas tradicionais festas, sempre dos mesmos. Acredito em reforma para se arrecadar mais impostos!

Cada um de nós que cumpremos o nosso dever e o nosso destino.

Uns pagam, outros levam.

É assim desde que o mundo é mundo e não mudaríamos nossa realidade , nem o nosso destino ao toque dos belos discursos Presidenciais.

Termino a desejar um feliz dia do trabalho àqueles que realmente fazem a diferença nesse país.

A responder a pergunta do "Legião Urbana" que até hoje não se cala:

"Que país é esse?

Um país que infelizmente ainda não se revelou em todas as suas potencialidades porque nossos líderes saem dum povo que ainda não decidiu que rumo tomar.