Theodor Adorno: A Indústria Cultural e Os Ensaios Científicos

Theodor Adorno era um filósofo alemão, de formação marxista, da

Escola de Frankfurt que se destacou ao formular uma crítica à produção em

massa de intelectuais, por ele denominado de "indústria cultural". Esta

expressão "indústria cultural" está explicada na obra "Dialética do

Esclarecimento", aonde Adorno usou-o para substituir o termo "cultura de

massa", pois, segundo ele, essa formação intelectual não estava

emergindo autonomamente, mas sim, atendendo as demandas dos

proprietários industriais e de comunicação.

Segundo Adorno, na indústria cultural, tudo é convertido em

negócio; a indústria aliena o "pensamento intelectual" de modo a fazê-lo

produzir aparato tecnológicos desenvolvidos, a fim de que este se

sobreponha sobre as tecnologias jaz existentes tornando-o mais

eficientemente moderno. Conforme o autor, o indivíduo liberto do "meio da

magia e do mito" torna-se refém de outro engano: o progresso da dominação

tecnológica, usado pela indústria cultural como arma contra a

consciência das massas, até mesmo nos seus tempos vagos.

Adorno faz menção ao televisor, que era o principal objeto

dentre os meios de comunicação de massa; uma tecnologia de

ponta da indústria cultural que, palavras dele, "impede a formação de

indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir

conscientemente".

A autêntica lógica do sistema capitalista está pautada, não somente

na adaptação dos produtos ao consumo, mas ditando o próprio consumo das

massas. Em Marx, podemos observar como os donos dos meios de produção

aumentavam sua produtividade através de "jogadas comerciais": aumentando

o tempo de trabalho do funcionário, reduzindo o seu salário ao mínimo

possível e lançando mão da mecanização no processo produtivo. Destacando

esta última, vemos o homem vítima da mecanização incentivada pela

indústria cultural, aonde Adorno afirma que "só se pode escapar ao

processo de trabalho na fábrica e na oficina adequando-se a ele no

ócio"; ou seja, por conta desse desenvolvimento técnico vindo

exclusivamente do meio intelectual científico é que possibilitou aos

burgueses capitalistas, detentores desses meios de produção mecanizados

e, também, detentores da ideologia dominante, sustentar o "coração" do

capitalismo; em outras palavras, sendo aqui muito mais radical, a

indústria cultural usa o conhecimento científico para fortalecer o seu

império produtivo.

Adorno sustenta sua posição ao defender que a ciência é alienada

quando atinge "grandes feitos" evolutivos; uma vez que sua grande

capacidade intelectual contribui para a o engrandecimento da dominação

capitalista, e também é alienada quando afirma conhecer de forma

totalizante os objetos que examina. Para ele, estudar estes objetos

de maneira fragmentada, "retalhando-o" e especificando suas

particularidades, não o leva a conhecê-lo verdadeiramente, isto é, o

objeto se perde dentre numerosos conceitos extraídos de um único

instrumento analítico. Para se entender o objeto que se analisa é

necessário estudá-lo de inteiramente, sem fragmentá-lo, mantendo-o como

si, unido em suas particularidades.

A solução para esta "cilada" criada pela indústria cultural que

aprisiona o conhecimento científico, segundo Theodor Adorno, está nos

"ensaios" ocorridos no processo da descoberta científica. São nos

ensaios que a possibilidade de obter o crescimento cultural e libertação

dos grilhões capitalistas está contido. Ao questionar suas próprias

pré descobertas e deixá-las em "aberto" partindo retomando a pesquisa

por um outro viés, impede a indústria cultural e produtiva de

solidificar seu domínio ideológico de massa, já que os resultados finais

não chegarão ao seu pertencimento, estando presente apenas na

experiência vivida pelo cientista que outrora iniciou a descoberta,

porém não a concluiu embora possua o conhecimento da mesma.

Maximiniano J. M. da Silva - quinta, 11 de Dezembro de 2010