Sobre Silvio Santos e Roberto Marinho
Silvio Santos é um nome famoso no Brasil, como Silvio Berlusconi na Itália, Dale Carnegie entre os americanos, Jean-Paul Sartre na França, Joseph Goebbels na Alemanha e tantos outros, mais conhecidos pela sua celebridade do que por uma virtude determinada. Neste artigo refiro-me a Silvio Santos e Roberto Marinho, que juntos foram amos de grandes cabeças da comunicação social do nosso país. Aqui, apenas nos reportaremos a uma rápida análise dos dois, sem se quer aprofundar em suas evidentes e obscuras histórias.
Se formos julgar os fatos à luz dos exemplos da história de Roberto Marinho, seria bastante difícil acreditar que ele construiu um império de comunicação sozinho. Diz-se que nasceu no Rio de Janeiro e era filho de um visionário jornalista que fundou sem dinheiro, um periódico impresso, chamado O Globo. É verossímil que o filho herdou o jornal do pai, mas não os ideais. A família Marinho, a partir de Roberto, firmou um império de comunicação nunca antes visto nestes trópicos até os dias de então. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, seu fiel escudeiro, diz num artigo publicado pela revista ISTO-É, que, Roberto Marinho, herdou o jornal do pai, quando tinha 18 anos de idade. Paciente ele fez o jornal crescer paulatinamente e o mesmo aconteceu com a Rede Globo de Televisão e seus outros veículos. Para Boni, Roberto Marinho teve como principal característica de espírito a paciência e a sabedoria. Virtudes que lhe valeram a conquista da sua terceira esposa, dona Lily. Escreveu Boni: “Quem tem sabedoria tem paciência. Quem tem paciência e sabedoria pode contar com a sorte. É por isso que o dr. Roberto foi condenado ao êxito”.
Os biógrafos de Roberto Marinho afirmam que ele pegou emprestado o dinheiro necessário para fundar e manter a Rede Globo de Televisão e afirmam ainda que as telenovelas foram as galinhas dos ovos de ouro das organizações Globo e o principal fator de seu sucesso.
Roberto Marinho, que adorava novelas, viveu uma vida discreta, mas cheia de luxo e vaidade. Era famoso pelas suas exóticas criações e coleções. Teve quatro filhos, e casou-se três vezes. Dizem e os fatos dão indícios de que era kardecista. De resto seu brasão é conhecido pelo mundo inteiro e ainda hoje pode ser visto na tela da TV Globo, nas chamadas de comerciais. É um circulo dentro do outro em movimento. Dos círculos ouve-se um som de taças batendo contra a outra.
Mas o que se torna muito suspeito para muitos é como este Roberto Marinho tornou-se o homem mais influente do país por quatro décadas. Uma coisa é certa: o povo brasileiro era uma horda bastante atrasada, cercado de desinformações e preconceitos, que adotava em cada buraco desse imenso país uma linguagem primitiva cada vez mais distante da gramática oficial. Com Roberto Marinho e a Rede Globo de Televisão o Brasil conheceu os primeiros sinais da inevitável globalização. Tecnicamente falando, Roberto Marinho, fez com as redes de comunicação do país o que os adelos fazem com as roupas velhas: voltam-nas do avesso e vendem-nas como novas o mais caro que podem.
É difícil penetrar com segurança nas trevas da televisão brasileira, mas torna-se evidente que os heróis de duas grandes emissoras de TVs: a Rede Globo e o SBT, não são tão mocinhos ou geniais como parecem. Por onde se conclui que, ao observarmos as grades de programações estrangeiras, é-nos lícito pensar que foi minúsculo o esforço dos dois fundadores dessas redes míticas, já que povos mais modernos os permitiu copiar, mal ou bem, conforme puderam, os feitos de outras redes de comunicação. Modelos ignorantes, eróticos, boçais, sem capacidade nem gosto artístico foi o que Roberto Marinho e Silvio Santos importou para a TV Brasileira.
Senor Abravanel. Esse é o nome verdadeiro de Silvio Santos. Descendente de Judeus, Silvio, conta-nos o romance de que foi pobre e que vendia verduras na feira. Mais tarde prestou alguns testes para rádio, tornou-se locutor, cantor, apresentador e quis trabalhar na Rede Globo. Não tendo alcançado espaço, fundou o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. Mas como? – Estes são mistérios que às vezes nos esquecemos de perguntar.
Silvio Santos é um comunicador nato. Roberto Marinho era tímido e falava baixo. Silvio teve ambições populares e tomou para si os horários nobres de sua emissora. Roberto teve vaidades mais intelectuais, gastou tempo e dinheiro para conquistar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Silvio distribui prêmios. Roberto fundou projetos sociais. Silvio e sua emissora nunca ocuparam o primeiro lugar do IBOPE em preferência do público. Roberto Marinho, após a ascensão da Rede Globo, morreu sem a ver cair. E é à luz destes confrontos que temos de julgar Roberto Marinho e Silvio Santos: com a certeza de que ambos sempre imitaram projetos estrangeiros que atrasaram o progresso intelectual e crítico das famílias brasileiras. Que nos diga os programas de auditórios, eróticos e acéfalos. Que nos diga os telejornais parciais. Os Realitys Shows, algumas novelas, algumas programações.
Silvio Santos, recentemente, esteve envolvido em um escândalo financeiro, que, afirmaram os mais pessimistas, lhe custaria o SBT. Bela coisa seria podermos ver essa história não acontecer, mas se acontecer: bela coisa seria assistirmos a outros programas de TV. Bela coisa seria ver realmente uma outra manipulação dos telespectadores. Bela coisa seria a nossa fuga à TV, sem deformações educativas, sem violências explícitas, sem pornografias desumanas, sem técnicas subliminares de comunicação, impondo determinadas mensagens. Bela coisa seria, após Roberto Marinho e Silvio Santos, não recair sobre nós uma maldição ainda maior: Edir Macedo.