Não gosta do seu carro? É simples: basta incendiá-lo!
Recentemente, no intervalo do Jornal Nacional, vi o comercial do Renault Fluence. Prendeu minha atenção de tal forma que depois assisti no YouTube mais umas três vezes, porque não conseguia acreditar no conteúdo.
Para quem ainda não viu, o vídeo de trinta segundos apresenta um rapaz que está com o carro parado na estrada por falta de gasolina. Ao ver outro carro passando, ele faz sinal de que precisa de ajuda e consegue carona até o posto. Durante o trajeto, o caroneiro observa (e quase baba) cada detalhe do novo modelo da Renault. Ao voltar com o combustível no galão, o rapaz olha para o carro - um bonito modelo cinza - e, ao invés de abastecê-lo, banha-o com o líquido e em seguida acende um fósforo. Ironicamente, bem nesta hora aparece a legenda "respeite a sinalização de trânsito". A última cena do comercial mostra o Fluence de frente, indo embora e, no segundo plano, uma explosão. A última frase: "você não imagina do que este carro é capaz".
De fato eu não imagino do que o carro é capaz. Tampouco sei do que quem cria porcarias como esta é capaz. Não conseguiria imaginar também o limite da estupidez de uma equipe de publicitários na hora de elaborar comercial para vender automóveis. Este foi, provavelmente, o mais idiota que já assisti na vida. Ganha até daquele do Toddy, das vaquinhas promovendo quebra-quebra no supermercado. Comerciais assim até parecem ter sido criados pela equipe de produção de algum programa do tipo "Márcia", "Ratinho" ou "Casos de família". Verdadeiros escândalos gratuitos. A diferença é que o citado comercial é de carro de rico, dirigido a pessoas que juram nas revistas e jornais de elite não gostar deste tipo de conteúdo. Gozado, não?
A atitude do rapaz, de atear fogo no carro, foi mais exagerada do que qualquer situação exibida no desenho dos Simpsons e deve ter arrancado boas risadas dos telespectadores do horário nobre da Rede Globo. Apesar do exagero, o ato ilustra muito bem o consumismo doentio, que faz as pessoas de cabeça vazia gastarem seu dinheiro com coisas desnecessárias, sendo inconsequentes e irracionais como o incendiário do comercial. As fabricantes de carros zombam desta fraqueza e o telespectador, a maioria, pasmem!, acha tudo engraçadinho e bonitinho.
O veículo custa sessenta paus. Fico aqui me perguntando se tal absurdo influencia de fato o telespectador e quantos bacaninhas engravatados e alienados vão comprar o "tesouro" invejado pelo caroneiro imbecil. Eu continuo preferindo a minha bicicletinha...