A triste partida
Nessa poesia, Patativa do Assaré, retratou muito bem a realidade do sertão nordestino.
A gente vê inserido nas entrelinhas um grande teor de sofrimento vivido pelo caboclo nordestino, onde esse mostrou enorme necessidade de tudo, de um povo impregnado de tristeza e de saudade.
Os seus versos são caracterizados numa linguagem bem rudimentar, bem comum do caboclo do campo. Onde se vê uma filosofia que se tende mais em mostrar o cotidiano sertanejo, a sua particularidade.
O autor expressa todo o viver do caboclo, que é rude, mas é forte e leal, que não se faz esmorecer, mas com suor e raça é bravo, pois está acostumado a perder o trabalho exaustivo e a esperar por tempo melhor.
Patativa do Assaré revive suas belezas, ou analisa cruamente as suas mazelas. Se percebe na sua linguagem , um linguajar impregnado do povo de sua terra, onde decanta a alegria de sua gente com o sentimento mais puro, tenta mostrar a realidade para os caboclos, para que eles se precavenham melhor para o futuro. Patativa morreu em 8 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.
A Triste Partida, Patativa do Assaré expressa uma linguagem bem popular e característica do interior nordestino a angústia e o desespero de um povo sofrido e marcado pela seca na sua terra, no seu campo.
A esperança de chuva em seu sertão é constante. Já nem se espera por um bom inverno. Um pouco de água para molhar sua terra já é o suficiente para alegrar seu coração. Os meses se passam e a fé é perseverante. Passa outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e o sol permanece forte, “vermelho”, arrasando com o pouco do verde que ainda resta.
Março... Ah, março!!! A esperança aumenta... É o mês de São José... A religiosidade afirma que o dia 19 é o marco para um bom inverno. Nesse mês são depositadas todas as esperanças existentes.
Infelizmente, a chuva não chega ao seu sertão...
Sua fé fraqueja... suas esperanças já não mais existem... O que fazer? Pensa o pobre sertanejo.
A ilusão de uma cidade-metrópole, uma cidade grande, ascende-se. Pensa ele que a solução de seus problemas deverá ser encontrada na metrópole. Afinal ele já tomou conhecimento que muitos “enriquecem” quando lá chegam. Quem sabe o mesmo aconteça com ele? Pensa.
Vende o pouco que tem: o burro, o cavalo, o seu jegue... e com sua família partem para terras distantes. Seus destino é incerto e pensa em voltar para sua terra natal caso o destino não lhe reserve bons resultados.
Quanto mais próximo vai ficando de sua nova realidade, mais o temor toma conta de si.
Ao deparar-se com sua última esperança assusta-se. Trabalho incessante. Dívidas multiplicando-se, o tempo passando e a volta à sua terra natal tornando-se mais e mais impossível...
Aquela família não mais volta. E tantas e tantas outras famílias o mesmo acontece...
A saudade é mais triste. A ilusão é mais triste. Só lhe resta lamentar, lamentar pela terra seca, mas boa, que deixou...