Quem Criou o Assassino de Realengo?
Rio de Janeiro, quinta feira, 07 de abril. A Escola Estadual Tasso da Silveira, foi o local escolhido para um dos mais intrigantes casos de assassinato em série registrados no país. Mas o que levaria um jovem a premeditar e executar um plano que mataria crianças inocentes? Nesse primeiro momento de revolta, pesar e perplexidade pelo o que aconteceu, nossa principal “missão” é culpar. Mas como podemos fazer pesar a justiça sobre alguém que matou e que também morreu? Esse mártir já não está aqui, portanto como é comum ao ser humano, temos que achar culpados. Tenho então uma lista com alguns possíveis responsáveis pelo massacre em Realengo. Culpemos e julguemos então:
1) Podemos culpar nossos representantes políticos pela inércia na criação de uma política de segurança publica de qualidade? Sim!
2) Ou os culpados seriam aqueles que quando criança descriminaram o assassino por ser tímido, reservado, que foi chamado de “viadinho”, “bichinha” e que empurraram sua cabeça em um vaso sanitário e deram descarga? Seriam esses?
3) Ou culparemos a família de Wellington por não ter qualquer estrutura saudável para uma criança?
4) Ou então a sociedade excludente que vivemos e que é tão cruel com os menos favorecidos? Acredito que sim, essa também é culpada.
Portanto, presumo que o culpado principal pela criação, e acima de tudo, desenvolvimento desse monstro seja ninguém mais do que você e eu. Não é essa mesma sociedade que vandalizou a casa onde o assassino vivia e que agora, em um ato covarde, mesquinho e pequeno está ameaçando seus familiares de morte? O que difere essa sociedade e o próprio Wellington? Alguém pode me explicar a diferença? Porque eu não vejo nenhuma.
O fundamento religioso foi somente um pretexto para tentar justificar um ato bárbaro de uma mente perturbada. Ou por qual outro motivo Wellington seria fã obcecado por jogos de violência, onde os personagens principais são bandidos com permissão pra matar (algo meio 007 macabro) se não se tornar personagem principal também, visto que ele passou a vida inteira recluso e excluso do mundo real? Ou porque havia tanta admiração pelo líder terrorista Osama Bin Laden (apelido atribuído a ele na escola), se não poder dar voz aos menos favorecidos, por mais que os meios tenham sido bem escusos, mas não foi isso que Bin Laden fez ante o império americano em 2001?
Não foi à toa que a escola tenha sido o alvo ideal para ele realizar esse “feito”, pois foi lá que ele sofreu os principais abusos, onde houve as maiores humilhações, era na escola onde estavam os culpados, e seria lá onde ele deveria prestar contas. Ele não queria um banco, pois não era ladrão, nem uma farmácia ou outra escola, ele queria a Escola Estadual Tasso da Silveira, pois naquele prédio habitava seus maiores fantasmas.
De forma alguma tento justificar o ato feito, que na verdade condeno absurdamente toda forma de violência, mas também seria hipócrita demais da minha parte negar que quando era estudante não colocava apelidos nos colegas que não sabiam se defender. Portanto quantos Wellingtons eu feri durante minha adolescência? E quantos esquizofrênicos estavam perto de mim sem eu nem perceber?
A verdade é que esquizofrênicos invisíveis existem aos montes entre nós, e não é difícil ouvir relatos de adoradores de tantos Hitlers, Mussolinis, Pinochets e por que não dizer Bolsonaros?Minha lição sobre isso tudo é aprender sempre que nem todo mundo é psicologicamente tranqüilo quanto eu, que meu dever como homem e principalmente como ser humano é respeitar as diferenças e esperar para não ser vítima de algo que eu, enquanto sociedade crio todo dia.
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