Proteção Animal


Introdução:
O objetivo deste documento é dar uma visão geral da Proteção Animal em Brasília e, de certo modo, no Brasil, observando-se, claro, a diversidade intrínseca ao nosso imenso território e suas regiões, em diferentes níveis de evolução e riqueza.  
 
O que é proteção animal:
Li um artigo da Lilian Rockenbach em que ela descreve bem o que é um protetor. Para não reinventar a roda, usarei algumas de suas afirmações, acrescentando, claro, minha visão pessoal.
Ela afirma ter ouvido - e, embora não informe a fonte, dela também beberei - que a causa animal é um apostolado, em que deve ser adotada uma nova postura diante da vida, de toda a vida, sem “especismo”. O verdadeiro protetor não consome carne, não utiliza vestes ou utensílios de origem animal, não participa nem incentiva qualquer forma de diversão que explore animais. Essa mudança é gradativa, não acontece da noite para o dia. Eu, por exemplo, ainda não consegui tornar-me uma vegetariana. Isto acontece porque hábitos e consciência evoluem aos poucos, como resultado de uma luta pessoal contra nossos próprios conceitos e desejos e, muitas vezes, contra familiares e amigos, que não conseguem entendê-la e aceitá-la.
Quem abraça esta causa torna-se um ativista do direito dos animais, luta para conscientizar a população pela adoção, castração, combate aos maus tratos e ao comércio de animais... E precisa ter, como referência, pessoas engajadas na proteção e que atuem com seriedade e idoneidade. A proteção animal não pode ser usada como escada social ou ferramenta de autopromoção.
Embora saibamos que ninguém muito egoísta ou individualista irá abraçar uma ação humanitária, e que um coração amoroso é mesmo o terreno mais fértil para a causa animal, ela não é caridade, mas responsabilidade social. Sua principal bandeira é a consciência de que os animais têm sua individualidade e não estão aqui para nos servir.
É uma causa que deve ser abraçada com prazer, equilíbrio, orgulho e esperança. Isso não significa que, em alguns momentos, o protetor não possa sentir-se cansado, desanimado e até frustrado. Por mais que se faça, sempre há muito mais a ser feito. Para cada animal resgatado, tratado e colocado para adoção, sabe-se que outros estarão nascendo nas ruas ou sendo abandonados por pessoas que não entendem o valor da vida. Para cada lei de proteção que se consegue aprovar no legislativo, outras formas de exploração são criadas. Mas se esta angústia deixa de ser a exceção para se tornar a regra, talvez seja melhor buscar outra causa, uma que apresente retornos mais imediatos. Os animais precisam de pessoas sensatas, empenhadas em aprender e mudar o mundo. Que não se deixem abater pelas baixas e comemoram muito cada pequena vitória, com a certeza de que estão fazendo a diferença.
 
Áreas de atuação:
A proteção animal, como quase todas as causas humanitárias, tem muitas maneiras distintas, mas não excludentes, de atuação.
·         Educação: conscientizar a população por meio de vários instrumentos, desde o bate papo descompromissado entre amigos, até a realização de palestras, passando pela elaboração e distribuição de material educativo sobre os temas ligados à causa, dentre eles:
o        combate aos maus tratos, ao abandono e à exploração
o        incentivo à adoção e castração
o        prevenção e tratamento de doenças infecto contagiosas
·         Estratégia: envidar diálogo visando conquistar apoio para a causa junto:
o        ao poder público,
o        a outros órgãos de proteção
o        aos CCZs
o        à mídia impressa, radiofônica e televisiva
·         Pontualmente: as ações de educação e estratégia, se eficazes, tendem a diminuir os animais abandonados nas ruas, embora seus resultados demorem a aparecer. Como dizia Betinho: “quem tem fome, tem pressa” e os animais que já estão na rua hoje precisam de proteção e ajuda imediata. A ação pontual junto a um animal abandonado não tem a mesma abrangência, mas, para ele, é a que fará toda a diferença. Neste âmbito, há muito a se fazer:
o        resgate: retirar o animal das ruas
o        assistência veterinária: vaciná-lo, castrá-lo, tratar qualquer problema de saúde que ele apresente
o        lar temporário: manter o animal abrigado, até que ele encontre uma família
o        divulgação de animais para adoção: entre amigos, colegas de trabalho, familiares, afixação de cartazes em ambientes de grande circulação de pessoas, anúncios em sites especializados na Internet...
o        triagem de adotantes: quem já colocou um animal para adoção já deve ter se deparado com um “sem noção”. É aquele sujeito que quer o cão para cuidar de uma chácara lá no cafundó do Judas, onde ele vai uma vez por mês, ou aquela senhora que quer uma gatinha para namorar seu gato que anda estressado por não ser castrado, ou ainda, que pretende presenteá-la a um sobrinho de três anos de idade, cuja mãe não foi consultada. O bom senso na busca de adotantes pode ser a diferença entre uma longa vida, feliz e segura para o adotado ou sua devolução pouco tempo depois, com mais problemas do que ele tinha quando vivia nas ruas.
·         Captação de doações: realizar campanhas, rifas e bazares para arrecadar as doações realizadas e distribuí-las às instituições que precisarem de ajuda:
o        financeira (doação direta)
o        suprimentos para os abrigos (consumíveis e duráveis)
o        objetos para rifas e bazares (arrecadação financeira indireta)
·         Trabalho voluntário: atuar diretamente junto às instituições de proteção prestando serviços:
o        específicos (veterinária, direito, contabilidade, administração, jornalismo, informática...)
o        genéricos: cuidado aos abrigados (banho, medicação, carinho, brincadeiras), apoio aos abrigos (limpeza, organização, pintura...)
·         Divulgação: toda ação que implica em mobilização da sociedade precisa de mecanismos eficientes de publicidade. A causa animal não é diferente e precisa do apoio de quem domine os meios de comunicação:
o        mídia: impressa, radiofônica e televisiva
o        internet: (blogs, redes de relacionamento, sites)
o        corpo a corpo: (palestras, rede social)
Dentre os vários assuntos que exigem divulgação, estão:
o        animais para adoção ou resgate
o        feiras de adoção
o        ações de arrecadação financeira, realização de rifas ou bazares
o        campanhas de conscientização.
 
 
O que fazer ao ver um animal com necessidades:
 
Como vemos, são muitas as formas de ajudar e nenhuma delas envolve chamar um protetor ou ONG toda vez que se vê um animal em situação de penúria nas ruas.
 
Como bem dito pela Lilian Rockenbach, os protetores são pessoas normais, trabalham, estudam, têm filhos, quintal pequeno ou mesmo vivem em apartamentos, fazem compras, vão ao banco. Eu acrescento: os protetores têm limites e a maioria deles já os ultrapassou há anos. Existem cerca de 30.000 animais nas ruas do DF, uma realidade difícil de mudar e ninguém ajuda se ficar sentadinho em sua cadeira, telefonando ou mandando apelos em mensagens desesperadas aos protetores que conhece ou achou pelo Google e depois, ainda sair por aí acusando-os de não fazerem nada para resolver o problema.
 
Ao ver um animal necessitado, não hesite em agir. Talvez você não possa ajudá-lo sozinho, mas se envolver os amigos e vizinhos, certamente poderá. E as instituições ou protetores independentes poderão dar muito apoio, anunciando o animal quando ele estiver pronto para adoção, ajudando na triagem dos adotantes, indicando clínicas veterinárias ligadas à causa ou orientando quanto à melhor forma de fazer a abordagem ao animal ferido, arredio ou agressivo ou até sobre o que fazer em casos de maus-tratos. E, sim, em alguns casos raros, algum abrigo poderá oferecer um lar temporário para o animal resgatado, enquanto você procura uma família definitiva para ela, mas lembre-se de que ele continua sendo responsabilidade sua e cabe a você ajudar a mantê-lo lá por este período.