A RELAÇÃO DA TRAGÉDIA NO RIO DE JANEIRO E DEUS NO CORAÇÃO
O episódio trágico de ontem sacudiu o país e levou às lágrimas até mesmo a nossa novel chefe do executivo. De fato, uma banalidade que por mais que se tente explicar, o máximo que podemos fazer é levantar hipóteses, somente isso; conjunturas sobre o que pode ter levado aquele boçal a fazer o que fez.
Um evento desses, para os menos acostumados a uma reflexão mais profunda, leva a afirmações do tipo: “esse fulano não tinha Deus no coração”. Não tinha Deus no coração? Mas o que vem a ser isso, ter Deus no coração?
Haverá alguma afirmativa mais vazia e subjetiva quanto esta?
Não é verdade que o homem que assassinou aquelas crianças no Rio de Janeiro não tinha Deus no coração, absolutamente. Tanto que em sua carta de instruções quanto ao seu sepultamento há claras alusões sobre sua religiosidade, como por exemplo, a questão da castidade e da pureza. Coisas tipicamente religiosas.
Ora, de que nuvens de cucolândia provêm as idéias de pureza sexual senão da religião de matriz cristã? Ateus, agnósticos ou qualquer ser que se assume descrente em nosso tempo possui concepções desta natureza com relação à vida sexual?
Não, não há o que se explicar. O cara era simplesmente alguém que possuía distúrbios mentais. Chegou um ponto máximo dessa loucura presa dentro dele, ele achou que deveria castigar os impuros, teve ímpeto, coragem e realizou sua sina mor da vida. Seu momento estrela confundiu-se com a tragédia da vida dos outros, e com o seu próprio fim.
Infelizmente, a vida humana é assim. Não há garantias, nem nada que afirme que viveremos felizes e com segurança. Qualquer um que queira e tenha coragem a tal ponto pode pegar uma arma e sair atirando contra quem quiser. Inclusive eu e você, atento leitor. É só ter coragem, é só querer. Simples assim.
Com Deus no coração ou sem Deus no coração, as crianças estão bem mortas. O vazio desta afirmação de fato também não garante nada, pois com Deus ou sem Deus nada impediu que acontecesse a tragédia, nada.
Isso somente reforça a tese de que o universo não possui uma razão, a vida é totalmente desprovida de sentido, e essa entidade fantástica chamada Deus, se existir, é a prova da maior incompetência na gerência do mundo muito louco que ele, hipoteticamente, criou.
Chega de afirmações vazias, impensadas, cheias de uma retórica barata e besta. Deus no coração é uma grande bobeira, feita para rechear os corações e mentes de gente simplória e pouca afeita ao pensamento.