DA NEGLIGENCIADA " MELHOR IDADE"
Ultimamente o foco das notícias em MUITO tem dirigido seus holfotes à terceira idade, no nosso meio conceituada como aquela idade que computa os sessenta anos, sendo que n'alguns países do dito primeiro mundo o conceito acrescenta mais cinco anos à tal delimitação cronológica da vida.
Fácil entender o porquê, posto que dependendo das condições sócio-econômicas das pessoas, a "poupança" da sua energia vital biológica no decorrer do tempo lhes permite que cheguem com a saúde melhor conservada um pouco mais adiante daquela que lhe permite determinada idade cronológica. Um bônus de vida a mais.
E óbviamente que o envelhecimento da população demanda por imensa reestruturação social, dada pelos cuidados mais especializados concedidos pelas várias ciências humanas e biológicas, desde aqueles que vão do Direito Civil, Trabalhista e Previdenciário até aos cuidados de promoção, prevenção e atenção à saúde global do idoso .
Porém , fato é fato.
Esse termo "melhor idade" em nada condiz com a real situação do nosso idoso, salvo algumas abençoadas exceções pontuais daqueles que tiveram melhores oportunidades sociais pela vida.
Fácil de explicar : ninguém de nós nasce idoso e hoje é muito fácil, mesmo sem se usar duma "bola de cristal", fazer uma análise prospectiva da qual mais provável qualidade de vida terá uma criança se ela tiver a sorte (ou o infortúnio!) de atingir a tal da "melhor idade".
Com a situação atual de educação brasileira, levando-se em consideração que toda qualidade de vida passa por ela, não é difícil prever que uma criança correrá o risco de, além da infância perdida, sua vida caminhar, com muita sorte, para uma terceira idade sofrida...e esquecida.
Então, politicamente, havia que se dar uma solução muito bonita: Temos, teoricamente, dois estatutos que se responsabilizam pela dignidade conferida à criança e ao seu futuro caminhar na qualidade de idoso: o "ECA" ,estatuto da criança e do adolescente, e o Estatuto do Idoso, propriamente dito.
TUDO LITERARIAMENTE MARAVILHOSO. Textos de alta responsabilidade social- cidadã, sem dúvida alguma. Enternecem a todos.
Porém, nenhum desses dois estatutos fogem à dura realidade de que "a teoria na prática é bem outra". E de fato é.
Costumo dizer que quando temos que deixar por escrito a necessidade de respeito a alguém...é porque já perdemos o controle e o respeito pelo todo do qual fazemos parte.
Aliás, respeito é bom em todas as idades, e passa em princípio pela noção de igualdade e cidadania, princípios constitucionais.
O fato é que nossa infância está abandonada...e faz muito tempo.
O cidadão está abandonado e a terceira idade, principalmente, também está.Tão claro quanto dois e dois são...quanto mesmo?
O nosso idoso está MUITO TRISTEMENTE negligenciado. Não há assitência social e sanitária suficientes que o acompanhem pela sua caminhada digna pelos setores da sociedade. Hoje o idoso é a mais recente moeda de política demagógica.
Grande parte vive sem benefícios previdenciários, e muitos dos que os têm, adoecem e sucumbem muito antes de se benificiarem do seu direito, fruto do que trabalharam e contribuiram.
Nossa melhor idade, na sua maioria, agoniza doente nas filas da saúde e da Previdência Social como se esmolassem seus direitos. É só dar uma olhadinha mais de perto na triste situação, que todo político diz estar resolvida. Eles, que chegam a trabalhar por "uma semana"-como recentemente foi divulgado- e acham que têm o direito a pendurar suas " cara -de- pau" nos cofres da previdencia social, ou seja lá qie previdencia especial for!
A mesma previdencia que já sinaliza a olhos vistos com a necessidade de se rever a idade da aposentadoria sob a alegação de que seus cofres não têm folego para o envelhecimento da população. E claro que vão conseguir. Quem se atreveria a falir o país, não é mesmo? É assim que pensam os técnicos em previdência.
Teríamos como dar conta sim...se os recursos financeiros , ao longo de tanto tempo, fossem usados para o que se propuseram.
Quantas vezes vimos pelas notícias que os recursos eram desviados para outras pastas, ou quiçá, para outros dutos?
Todavia, a campanha da reforma ao amparo sócio- previdenciário já começou através das reportagens da mídia que administra o páis.
Que triste tudo isso!
Esqueçam o termo " melhor idade"! estamos MUITO, MAS MUITO distantes dela.
Só teremos uma "melhor idade" e um "melhor país para todos" quando tivermos melhores políticos e políticas sociais realmente sérias, comprometidas.
Tal cenário só se descortinará com CIDADANIA, que apenas se vislumbra com EDUCAÇÃO, a que URGENTEMENTE terá que sair dos livros para a sociedade através de professor devidamente qualificado e valorizado. QUANDO HEIN?
Até lá, envelheceremos sim, sem muitas explicações, não por vitória social, mas pelo simples e MILAGROSO andar biológico da carruagem do tempo.
Melhor idade...de verdade, Brasil!