LIDERANÇA
Todos os líderes devem continuar apertando a mão dos subordinados, contando piadas nas reuniões, dizendo que são democráticos e abertos às críticas. Mas isso, porém, tem servido para mascarar o autoritarismo de alguns deles.
Inicialmente vamos conceituar autoridade e autoritarismo dentro das empresas para depois analisarmos o que é um líder. Autoridade é o poder dado pela empresa a uma pessoa para, por exemplo, coordenar os serviços, distribuir tarefas e descobrir talentos. Esse poder não, em hipótese alguma, deve ser imposto sobre os empregados, mas eles o reconhecem. Autoritarismo é uma reação do líder à falta de reconhecimento de sua autoridade. Conceituando dessa forma, podemos concluir que o líder é reconhecido como alguém superior, enquanto o autoritário impõe força para ser alguém maior.
A empresa reconheceu você como líder ou como técnico? Os setores administrativos tem confundido demais liderança com conhecimento técnico. Você pode conhecer bem os serviços a ponto de trabalhar sem erros, mas não ter habilidade com pessoas, se esse é seu caso, então você não é líder, mas alguém que simplesmente é competente. Competência na execução de tarefas não é sinônimo de liderança, apenas um bom ingrediente dela, porque produz confiança técnica, mas não gera respeito, estima e afeto dos subordinados.
Todo líder sabe que o seu sucesso está nas mãos dos subordinados e não na sua capacidade técnica, pois ele não consegue fazer tudo sozinho. Todo líder sabe que se o funcionário fizer só o que lhe é mandado, o sucesso não vem, porque a equipe vencedora é aquela em que os componentes vão mais além. Todo líder sabe que há uma diferença entre profissionalismo e consideração, obrigação e prazer. Portanto, a chave do sucesso não se concentra na competência exclusivamente, mas num grande aliado, a estima.
Todos os grandes líderes foram admirados como pessoa, e uns até foram venerados como deuses pelos povos antigos. Embora haja oposição, o sucesso de qualquer empreendimento está no sentimento de alegria, a maioria perdas acontecem por falta dela.
Um bom técnico de futebol não é aquele que sabe posicionar os jogadores em campo, Kaka no meio, Luis Fabiano na frente, etc... Isso faz parte, mas não é tudo. O bom técnico é aquele que devolve aos jogadores a alegria de jogar, e isso vem dos relacionamentos. Robinho trouxe isso ao Santos quando voltou por lá e jogou ao lado de Neimar e Ganso.
As conquistas do Brasil não vieram exclusivamente pela competência, mas pela alegria de brincar de bola. O Brasil é o pais que tem mais jogadores de talentos individuais do planeta, mas está a risca de ser superado pela Itália. Os engravatados (fruto do sistema) do futebol estão tirando a alegria, estressando os jogadores, tirando o brilho. "Ninguém" vai mais jogar por jogar, vai jogar por dinheiro.
A palavra chave é reconhecimento. Eu só reconheço a autoridade quando me vejo no líder, ou quando percebo um grande valor que deve ser imitado. O líder que não causa admiração exerce a liderança por imposição.
Estar líder é uma coisa, ser líder é bem diferente. Ninguém nasce líder, liderança é, em primeiro lugar, uma conquista de si mesmo. Aquele que vence o seu próprio ódio, sua má vontade, receberá dos subordinado um troféu, porém aquele que é irritado e prepotente, ninguém fará nada de boa vontade ou afeição, mas por obrigação e interesse financeiro (manutenção do emprego ou "babação").
O exemplo e a postura do líder é a maior forma de conquista. Não adianta o líder cobrar união, cooperação, consideração entre os componentes, se ninguém o vê unido, cooperando e considerando os outros. Se o líder sabe reconhecer o valor individual dos liderados, elogiá-los e recompensá-los, ele receberá de volta o reconhecimento da sua liderança.
Os relacionamentos humanos são assim, paciência gera no outro paciência, violência gera no outro violência, humildade gera no outro humildade, etc. O líder é quem escolhe o que quer ver em seus subordinados.
O líder não busca uma conquista egoísta, interesseira, a conquista é um fruto, é o lucro de quem investe na amizade sincera, de quem procura gostar das pessoas, trabalhando dentro de si mesmo sentimentos opostos aos destruidores de bons relacionamentos como o desprezo, o preconceito e muitos outros.
Isto posto, parece fácil, sim, falar é fácil, mas a prática é super complicada e difícil. Vamos exemplificar: Certo gerente, que em todas reuniões pedia cooperação e união, dirige-se a um funcionário, com intenções de "unir" membros de uma determinada equipe, mas antes de ouvir o empregado, fez uma crítica ao comportamento do mesmo usando um tom de voz não muito ameno e uma expressão facial hostil. Embora a intenção fosse "boa", o gerente externou autoritarismo, queria à força unir os membros, a fim de que seus "apelos" (ordens) fossem atendidos. Ninguém lidera somente com boas intenções. Esse era o problema do gerente, sua maneira de abordar, seu tom de voz, sua postura. Ninguém entra para unir fazendo julgamentos antes de ouvir as justificativas de quem está relacionado ao fato. Por isso, ratificamos que estar gerente é uma coisa, ser gerente é bem diferente. Perceber que precisa haver cooperação entre os membros de uma equipe é uma coisa, mas fazê-la surgir entre as pessoas não é para qualquer um.
O líder é aquele que possui a arte de viver, de pintar a vida, de exalar o balsamo da dor, de produzir o mel na colmeia da repartição, de pousar em sua cadeira com a delicadeza de uma borboleta em uma flor, de estar sobre os outros como plaina suavemente as asas da águia nas alturas, unindo a humildade vivaz da cobra que rasteja com a sinceridade do cão, isso é que o faz ser um leão.
Natan Viana