QUESTIONANDO O CARÁTER DE DEUS

O caráter de Deus foi posto em questionamento e intaurou-se um tribunal cósmico para apurar os fatos. Esse tribunal estabeleceu-se espontaneamente, não tendo sido convocado, e todo ser inteligente tornou-se juiz compulsoriamente. O julgamento tem decorrido sem recesso dede o início da história da humanidade e terá seu desfecho final pouco antes da volta de Cristo à Terra.

A promotoria apresentou os fatos iniciais que passaram a ser julgados em combinação com a contínua exposição da acusação quanto ao caráter de Deus, bem como com base no depoimento de cada uma das testemunhas, além da vivência do Réu, querendo dizer que Suas contínuas ações têm sido observadas, servindo de testemunho no julgamento.

O caráter da acusação também está em julgamento, assim como o caráter de cada um dos juízes, entre os quais estão os anjos leais, os seres inteligentes fora da Terra e todos os seres humanos. O tribunal procede cada julgamento intermediário contrapondo o caráter das partes exposto pelas próprias partes. As ações contínuas do promotor e sua rede de colaboradores também servem de testemunho de seu caráter e intenções, sendo que muitos juízes têm feito reconhecimento do caráter de Deus apenas por comparação com o caráter do acusador, embora que a Bíblia diz que toda a Criação testifica do amor de Deus.

Neste tribunal cósmico, portanto, está em julgamento o caráter de todos os seres inteligentes, sejam eles colaboradores da acusação ou da defesa. E cada um é juiz de Deus, de si mesmo, do acusador e seus colaboradores, bem como de todos os outros seres humanos, julgando também os anjos leais e os caídos.

Importante observar, porém, que nem as testemunhas de defesa e, tampouco, o veredicto favorável dos juízes beneficiará o Réu (Deus). A sentença condenatória que emitirmos igualmente não implicará em penalidade contra Ele. Sendo assim, por mais que nos ofendamos com Seu caráter, de nada adianta difamá-lO ou decretar Sua inexistência, tampouco adianta ignorar Sua existência. Nada disto irá prejudicá-lo, mas poderá redundar no afastamento de outras pessoas, impedindo também que muitas outras se aproximem dEle. Ao contrário de prejudicar a Deus, O julgamento e testemunho de cada ser humano definirá a posição que cada um tomará no conflito cósmico. Definirá de que lado cada um ficará. Esse conflito, porém, não é uma batalha que será travada ao fim do julgamento e tomada de posição de cada um. A batalha teve início com o trabalho inicial da acusação, ação que foi movida unicamente por iniciativa do promotor, o qual se imbuiu dos atributos de acusador apenas para instaurar o processo. A acusação desencadeou a batalha e com isso estabeleceu o tribunal. A batalha é parte do processo, é o trabalho da acusação e da defesa expondo os autos a vista dos jurados (os julgadores) com vistas em atrair o veredicto de cada um para uma ou outra parte. Esse veredicto, porém, como já foi explicado, não implicará em absolvição para Deus, tampouco em condenação para o acusador em contrapartida; Implicará apenas na definição do lado que cada pessoa ficará.

Observemos, portanto, que na verdade Deus não está nos julgando; nós é que O temos julgado e Ele está se deixando julgar por nós, fazendo, inclusive questão que O conheçamos e O julguemos bem. E pelo julgamento que fazemos de Deus temos escolhido ora ficar ao lado dEle, ora pôr-nos ao lado do adversário de Deus. A decisão, portanto, é nossa; nós somos os juízes no processo e nosso veredicto final definirá o futuro de cada um de nós. Por isso devemos saber julgar e conhecer as partes e estar bem cientes dos autos do processo, decidindo nosso veredicto antes que nossa morte defina nossa posição definitiva.

Quando digo, porém, que todos os juízes estão sendo julgados, sendo que disse que todos somos os juízes, disse que, embora Deus não nos esteja julgando, pelo julgamento que os juízes fazem uns dos outros, os menos informados julgando as ações e os veredictos dos mais informados, os não crentes julgando os crentes, por exemplo, – por esses julgamentos dos outros juízes as nossas condutas eles decidirão de que lado ficar, pois o veredicto de uns juízes exerce influência sobre o veredicto de outros, sendo que cada um é também testemunha, expressando por suas ações o caráter da parte que defende.

O desfecho do julgamento se dará quando todos tiverem julgado e definido seu veredicto, tomando sua posição individual definitiva. Para tanto, muito mais do caráter das partes será exposto a medida que o tempo avançar e as catástrofes e obras malévolas se sucederem; muito maior será o trabalho da acusação e da defesa. O trabalho da acusação se intensificará num esforço colossal para substanciar o caráter perverso de Deus, justificando a acusação. Para tanto, lhE atribuirá catástrofes sem fim, desumanidade crescente, miséria assoladora, violência revoltante, terrorismo sufocante, morte maciça, corrupção desenfreada e a hipocrisia de muitos religiosos expoentes. Enfim, fará recair sobre os ombros do Réu o crescente desequilíbrio em todas as ordens no planeta.

Em contra-partida, o esforço da defesa se concentrará no socorrer a humanidade arruinada, abrir a mão aos desesperançados, abraçar os despedaçados e secar-lhes as lágrimas, mostrando a todo desiludido que Deus tem um plano para socorrer do abismo qualquer um que se colocar sob Seu refúgio, pois Ele cruzará o caos rumo á segurança plena e vida eterna com os que O tiverem escolhido seguros sob Suas asas.

Para escolher bem neste julgamento, para expressar um veredicto seguro, é imprescindível conhecer bem os fatos e o caráter das partes. Da parte de Deus, Ele deixou-nos a Bíblia com um apanhado geral de Suas ações e planos. Conhecendo bem esse livro, conheceremos bem aquEle que em Sua própria defesa não faz acusações, apenas se mostra, se faz conhecer. O que você acha disso. Foi Ele mesmo que sofreu ma cruz a sentença que era contra os Seus acusadores.

Que tal conhecer esse Deus antes de julgá-lO e sentenciar-se a si mesmo a afastar-se dEle para sempre, afastando-se da fonte de vida, morrendo então sem conhecer as maravilhas que Ele nos tem guardado no lugar de onde viemos – a vida eterna?

Wilson do Amaral

Autor de Os meninos da Guerra, 2003 e 2004, e Os Sonhos não Conhecem Obstáculos.