O Samba Que Obama Não Educou
Obama rimou com samba. Mas não rimou com Educação. Ora, direis, por que mencionar Educação se certamente ela não é do interesse de ninguém? Exceto de alunos, professores e diretores de escolas e reitores de universidades, públicas e privadas? Por que mencionar Educação em seus discursos? A Educação não está incluída na pauta de assuntos externos. Do presidente dos Estados Unidos.
Educação é problema dos brasileiros e de seus governantes, não dele. Obama. Ou da Corte de empresários, parte de sua comitiva. Saber que a Educação há muito está sucateada nesse país, ele sabe. Com certeza. Mas não interessa. A ênfase vai para a educação pelo futebol.
Educação mesmo, aquisição de conhecimentos pertinentes ao desenvolvimento do intelecto e de uma cultura que não seja socialmente antropofágica e excessivamente destrutiva, não interessa a ninguém. Aqueles que deveriam se interessar por ela, são a maioria silenciosa (os classes médias, os emergentes, os alpinistas sociais das classes baixas).
Os alpinistas não querem outra coisa senão embarcar no entusiasmo fanático pelo ato fálico e falho de consumir. E consumir mais. Consumo não requer Educação. Ao contrário. Educação atrapalha. A sociedade consumista precisa de multidões engajadas pela maré do consumo.
A sociedade consumista é semelhante a um tsunami. Ela invade mercados, shoppings, praças, ruas, avenidas, bares, restaurantes, feiras de todos os tipos e modalidades de oferta de serviços e mercadorias. Commodities.
Invade com suas ondas de grande força destrutiva, motivadas pela energia paleolítica do consumo a zelar pela aparência externa. A estrutura interior (aquisição de saber pertinente à sobrevivência da espécie, espiritualidade, letramento, alimentação do intelecto) não são valores a considerar. Muito pelo contrário.
O espetáculo de uma sociedade selvagem, dedicada ao culto da vaidade, da afirmação do ter e possuir mais bens de consumo e mercadorias: isso é que é importante. Todos passam por cima de todos. Todo tempo. É um rinque de vale-tudo onde as multidões Cromagnon de sobreviventes dessa luta paleolítica por mais (dinheiro, roupas, carros, montantes bancários, aparência, vaidade, ganância) criam condições de ampliar cada dia mais intensamente, as vias públicas da criminalidade que visa unicamente a obtenção desses bens. A qualquer custo.
Essas ondas de corpos em busca de consumir, deslocam um grande volume de gorduras saradas e adiposas, (nitro) glicerina e ácidos graxos desumanizadas pela cobiça e pela afirmação de uma individualidade aparente, desde que esse tipo de personalidade é comum em todos os recantos do globo polarizados pela globalização do consumo pelo consumo. Sem valores éticos, morais ou ambientais a preservar.
A corrupção, nessas multidões que se dizem livres, livres para obter a qualquer custo bens de consumo, é incentivada pela propaganda da TV. Da Internet. “Tudo por dinheiro” é o lema dessa sociedade descendente direta da cultura Ateriana de há mais de dez mil anos a. C.
Uma sociedade que se quer humana, no século XXI, mas dotada de todos os atributos comportamentais pré-históricos. É muito fácil para um político, presidente ou parlamentar, explorar a ingenuidade de agrupamentos ditos humanos, com discursos cheios de recursos e truques de oratória, mas mais característicos para a satisfação da vaidade e da emotividade de agrupamentos Neandertais.
O fator econômico de aquisição de bens de consumo é o que importa. Isto é: uma intencionalidade política e social próprias de sociedades ultraprimitivas. Vamos que vamos criar empregos, assinar carteiras profissionais, agrilhoar essa raça a uma intencionalidade de escravos. Quem precisa dotá-la de Educação? Mesmo que com minúscula?
O crescimento da política dos negócio das pessoas representantes da superestrutura dessa sociedade pré-histórica, está em fazer esses consumidores acreditar que ganhar um salário e sentar no sofá da sala de jantar Cromagnon, trabalhando sempre muito para o enriquecimento das minorias que as exploram, até o estertor, é a coisa mais inteligente que podem fazer por si mesmas.
As emoções se resumem em skankaradas comoções adquiridas facilmente na compra de um ingresso para assistir a uma partida de futebol. Quem precisa de Educação para comprar um ingresso e assistir a uma partida de futebol?
Uma cultura e uma civilização da quantidade. Poderá, em uma ou duas décadas, gerar o quê? Senão uma quantidade destrutiva de vassalos sem outra intencionalidade que não seja obter recursos, a qualquer preço, para comprar o cosmético do momento, o leite das crianças, a droga do fim-de-semana, a cerveja sugerida pelos jecaspagodinhos?
A patologia coletiva dessa sociedade tende a ficar cada dia mais intensamente destrutiva. Mas os governantes não estão nem estarão nem aí. Assentados confortavelmente em suas fortalezas à beira-mar e em seus castelos no agreste, em uma ou duas décadas tudo que eles querem é estar usufruindo das mordomias adquiridas em seus períodos de conchavaria parlamentar.
Essas autoridades estarão, em uma ou duas décadas, usufruindo do tsunami de corpos oferecidos pela mais promissora de todas as profissões em alta: aquela daqueles amigos de programa do Ronaldinho e divulgada com o charme, a graça e a beleza da mulher brasileira modelo Bruna Surfistinha.
Os vícios e os instintos básicos daquelas sociedades muito primitivas, anteriores em milênios ao surgimento do cristianismo, estarão em plena invasão dos corações e das mentes das multidões. Todas elas muito carentes de Educação, mas direcionadas pela propaganda fundamentalista do consumo de produtos do senhor Mercado.
E os programas de auditório estarão fazendo a propaganda dessas profissões e dessas modelos em ascensão social permanente. E os consumidores que se sentirem vazios ou frustrados, os que pensarem que a vida precisa ser preservada em sua dignidade física, intelectual e espiritual, minimamente, terão os enlatados de Hollywood e as novelas globalizadas, para, com seus e suas personagens vitoriosas no mundo ficcional, fazer a catarse de suas frustrações e ambições que não tiverem sido satisfeitas pelo poder de consumo dos salários no mundo real. Do real. Das verdinhas.
Enquanto isso, em uma ou duas décadas, a criminalidade estará infestando de tal maneira as ruas, avenidas, shoppings, bares, restaurantes, cinemas, teatros, casas de shows, praças e demais logradouros públicos da cidade globalizada irreversivelmente pela ganância, a avareza, a ira, a luxúria, a vaidade, o ódio, a inveja, a melancolia, a preguiça, o orgulho, que será de todo impossível qualquer tentativa de mudança de paradigma na Educação. Ou na economia do Reich Dos Mil Anos.
A alienação social estará de tal forma incentivada pelos senhores da propaganda de consumo do senhor Mercado qua a Educação será ainda mais minimizada. Se é que isso será possível. Quem vai precisar dela? Educação? Não as autoridades econômicas. Os políticos, os empresários. Não as religiões, as famílias, a sociedade brutalizada pelo consumismo desvairado.
O tsunami social de professores, alunos, diretores de escolas e reitores de universidades, estará cada vez mais intenso, mais ameaçador, mais nivelado por baixo. Tendo por efeito a causa dos interesses cada vez mais crescentes, crescentes e pertinentes à educação imposta pela onda de necessidades sociais voltadas para o incremento das profissões tipo aquelas das amizades por trás dos panos dos ronaldinhos e do prestígio pré-histórico das profissionais modelo brunas surfistinhas.
Quem precisa de Educação numa sociedade estruturada para o enaltecimento midiático das chuteiras, dos paulos coelhos, das pererecas imortais? De uma sociedade participativa em eventos culturais tipo Big-Brother? Brasil. Cromagnon.