ECONOMIA E DEMOCRACIA
É provavelmente desligado do contexto da civilização moderna o indivíduo que ainda não percebeu qual o governo verdadeiro e único das nações. Este governo tem um nome e é feminino: Economia. Trata-se de uma presidenta mundial imponente e mais certeira do que a flecha de Guilherme Tell.
Para os teóricos da Economia, até dormindo nós movimentamos a máquina que domina o mundo. Esse mesmo mundo que começou, vive e viverá de trocas, desde a da comunicação, passando pela do sal e, agora, pela do petróleo e do Pré-Sal. Sistema algum é inocente, romântico ou tolo. Cada país é uma empresa e se mantém, por exemplo, das importações e exportações, dos movimentos nas bolsas de valores e até do mercado informal.
Quem não se lembra do sonho dos Beatles em Woodstock? Propunham a paz, a harmonia e uma sociedade global de mãos dadas. Assim o mostra a célebre canção Imagine, de John Lennon, que a todos encanta e emociona. E só isto, pois que não a transformam em algo real e a deixam para sempre no mundo difuso da imaginação.
Quando comecei logo cedo a apreciar a Língua Inglesa e, em seguida, iniciar estudos do idioma até nele me graduar no Curso de Letras da UFS, havia um clima de ironia e de condenação dirigido a todos os apreciadores do idioma. Essas críticas vinham de pessoas de mentes limitadas e arraigadas que nos carimbavam como sujeitos alienados e inimigos da Língua Portuguesa. Muito se perdeu com essa atitude, pois o conhecimento de línguas estrangeiras é indispensável sob qualquer prisma.
Quem estava na retaguarda desse quadro de recusa e repulsa ao estudo da Língua Inglesa? A Economia. Eram problemas, situações que envolviam EUA e Brasil, este um país diariamente ridicularizado por toda parte do mundo e que, em troca, criava uma réplica desse estado de coisas em meio a seus estados. Foi aí que surgiu a expressão “Sul Maravilha”. E o Sul era maravilhoso por ser economicamente bem situado. E as outras regiões? Eram potencialmente ricas, mas desprezadas, espoliadas e motivo de chacota.
A Economia que, por sua vez, não se incomoda com a opinião das figurativas personagens que cuidam dos destinos das nações, segue sua estrada objetiva e traduzida em índices e percentuais. Por outro lado, o povo briga e até se mata acreditando nos poderes de seus caciques.
Quem é, então, um bom cacique? É aquele ou aquela que conduza sua tribo para andar harmoniosamente ao lado da diva, a Economia.
Foi o economista inglês, John Maynard Keynes, considerado o pai da macroeconomia, a afirmar que “A dificuldade não está em se aceitar novas idéias, mas em se libertar das velhas”. E, pensando nisto, ainda bem que me libertei daquelas velhas ideias contrárias ao estudo de outros povos, outras culturas e idiomas. E me libertei de acreditar que somente fulano ou fulana, tradicionalmente, e a rigor, poderiam conduzir os destinos das pessoas. Quem é nascido em estados como o de Sergipe e Alagoas, bem entende do que falo.
Bem assim é igualmente importante que pessoas que viram e viveram governos cuja “economia” era feita nos braços fortes dos plantadores e colhedores de café, de cana de açúcar, de cacau, etc. _sem considerar-lhes seres humanos com alma e sentimento, mas apenas mão de obra barata e descartável _ possam agora lutar por igualdade e participação econômica justa. Só assim se poderá verdadeiramente adquirir qualidade de vida. Então, a regente Economia e a orquestra da Democracia, podem reinar absolutas sobre as civilizações. Isto levará tempo, mas acontecerá, anotem, por favor.
Quando isto acontecer não haverá sequer um indivíduo acreditando em milagres sebastianistas, peronistas, lulistas, dilmistas, castristas, sarkosistas, etc e etc. Essas personagens continuarão a existir, mas na condição de empregados daqueles que os escolheram como ícones de seus anseios de redenção e de, digamos a palavra mágica, cidadania. “And the world will live as one”.
Ícones são mortais, falíveis, desmontáveis. A Economia e a Democracia, entretanto, não falecem jamais.