Reflexão sobre o fim
O consumo mundial cresce em escala geométrica; a energia necessária para um homem sobreviver no século XIX é cinco vezes menos do que a utilizada pelo homem médio de 1950. Pior ainda, a energia utilizada por este homem médio dos anos 50 é quatro vezes menos do que a utilizada para satisfazer o consumo dos homens da nossa geração dos anos 2000; isso mesmo, em 60 anos o consumismo e as tecnologias que nascem de forma desregrada estão a cada instante aumentando o consumo de energia e matéria-prima ao redor do globo; mais energia, mais recursos naturais, mais forças de trabalho; mais vida... Isso mesmo, o consumo de vidas é cada vez maio devido ao nosso consumo desenfreado de produtos, estes, muitas vezes desnecessários.
A questão que trago é: Até quando?
Será que o auge da comunicação social que vemos hoje não basta para educar os cidadãos a respeito das maneiras de evitar o desastre que está por vir?
Quem será o responsável por essa imensa massa de conteúdo que conteúdo que circula na rede sem eira nem beira? Quem é responsável pelas notícias sem conteúdo e pelo sensacionalismo irracional? Quem é responsável pela morte da verdadeira informação em nome de uma mídia crescente que deforma, desinforma e seduz diariamente o cidadão comum em benefício do grande mercado? Quem é responsável pelo fim do mundo em nome do comércio? Quem?
Será o próprio cidadão que cansado da realidade crua decidiu por vestir o mundo numa imensa fantasia de faz-de-conta?
Ou será a mídia manipuladora? A mídia que a cada dia informa menos, ilude mais e em troca disso, vende mais produtos para uma população de fantoches sem face; uma população de mortos-vivos sem amor, que a cada dia compram mais e pensam menos.
Ou pior, será que é o mundo todo num acordo sem palavras; todos nós, soldados viciados num xadrez infernal, decididos a nos sentir seguros em nossas casas ao tempo que lá fora, no distante mundo do noticiário, o mundo se acaba lentamente?
Na minha opinião, o mundo não tem culpa; nem você leitor precisa se preocupar, a culpa também não é sua; nem mesmo os detentores das poderosas corporações de mídia desinformadora...
A culpa é do espírito humano; da nossa falta de capacidade em aceitar o mundo real e cruel em comparação com um mundo de fantasias fáceis e ilusões açucaradas.
Isso mesmo, a culpa não é sua, nem minha, nem deles... A culpa é de todos nós em conjunto e das concessões que fazemos para evitar um enfrentamento direto com a realidade nua do mundo onde vivemos.
Agora você me pergunta: E então Julio, o mundo não tem salvação?
Bom, sejamos sinceros... Tem salvação, mais pra isso acontecer é necessário aceitar as condições reais de vida nesse mundo finito, e não digo apenas da nossa casa, nem mesmo do nosso pais e muito menos do planeta. Temos de tomar consciência deste todo maior onde vivemos, está harmoniosa confusão sobre qual não conhecemos nem o começo.
Portanto, para sobrevivermos ao fim do mundo temos de criar consciência; e sim, as multidões de mortos-vivos do consumismo têm de começar a assumir a responsabilidade de seus próprios atos; pois assim, eles mesmos se transformam, criam consciência própria, aprendem a caminhar e pensar indiferentes à aqueles velhos preceitos impostos por uma sociedade fictícia de um mundo de sonho.
E finalmente, estes homens donos da própria consciência e pensamento podem aprender a lutar, não só por si próprios, mais pelos seus iguais e dependentes; e por vez, aprender que o mundo é plural e todos que necessitamos do coletivo para sobreviver e desenvolver nossas individualidades.
E enfim, neste sonhado dia, o homem volta a se reconhecer como parte viva de um enorme sistema chamado Vida; enfim, voltaremos a ser parte do mundo genérico de cujo qual nunca em nosso trajeto deveríamos ter abandonado em nome de nossas próprias excentricidades.
Carta do autor: Bom, sinceramente é meu sonho e motivo poder trazer ao leitor uma reflexão que muitas vezes é oculta pelas forças dominantes do nosso dia a dia.
Agradeço a todos o tempo e energia gastos nesta leitura, e fico aberto a todo e qualquer comentário e ou crítica.
Atenciosamente,
Julio Cesar Crepaldi
11/03/2011