Até que a morte os separe (T1148)
Em minha vida sempre galguei os caminhos da verdade, caminhos que sempre me levaram a ter uma incontestável fé no ser humano, algo que herdei de uma religiosidade muito acentuada em mim, uma fé que ao longo de minha vida sempre procurei ter.
Mas até que ponto devemos confiar no ser humano, como podemos dizer que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, se nem sombra dele chegamos a ser? Claro que era para ser assim, pois nascemos para este fim, e com o tempo nossas atitudes e também nosso caminho são corrompidos.
Depois de uma separação acabamos sem querer analisando tudo, inclusive refletimos o que vem a ser o casamento em nossos dias atuais, claro que cada qual tem sua opinião, e não estou aqui como verdade absoluta, mas colocando meu ponto de vista, pois depois de minha separação, que ainda após tanto tempo não entendi, reflito e sofro ainda, pois para mim o casamento era algo sagrado, intocável em sua essência. Minha profissão atual me dá também esta condição de análise, pois é difícil vermos um casal realmente feliz, é como se depois de um certo tempo o casamento se transforma em algo artificial e sem sentido.
Casamos e junto vem muitos gastos, muitos planejamentos, e a pompa de uma festa que queremos a todo custo, onde o homem se transforma em um príncipe e ao mesmo tempo em um cavaleiro em sua armadura preste a conquistar sua donzela, a igreja com seus adornos e os súditos todos em seus lugares, quando a princesa, a protagonista da festa entra todos se levantam para reverenciar a sua passagem.
O príncipe se aproxima e recebe o presente que sempre pediu a Deus e se encaminha para o altar afim de receber as bênçãos nupciais do representante de nosso Senhor. Ali começa as promessas do que vem a ser um casamento que deverá durar mesmo na tristeza quanto na alegria, tanto na doença como na saúde, tanto na pobreza quanto na riqueza, e os dois lá encima dizem um sonoro “eu prometo”, afirmando que durará até que a morte os separe, mas não é só os noivos que prometem diante de Deus, mas todos que estão presentes também, de um certo modo, prometem ajudar para que o casamento dê certo.
Se olharmos desta maneira vamos ver que tudo é muito sério, que fazemos uma promessa perante a Deus, mas claro que pela maioria nunca será cumprida.
Hoje vejo que o que vale mais que uma promessa é a pompa do casamento, hoje não se está interessado na essência e significado do dele, infelizmente há um despreparo das pessoas envolvidas e também um interesse comercial por parte dos bastidores que preparam todos os detalhes, tristemente vemos este lado e o futuro se torna obscuro, e a separação em muitos casos se torna inevitável, pois o amor deixou de existir e quando as dificuladades aparecem, quando a falta dinheiro gera brigas, a promessa fica legada a um vazio, são palavras jogadas ao vento, mas que para Deus tiveram força, e as palavras finais do sacerdote, “até que a morte os separe”, se transforma em um mito e mais um casamento deixa de existir.
Alexandre Brussolo (13/03/2011)