O preso e a sociedade

O preso e a sociedade

Estou escrevendo minha monografia para conclusão do curso de Direito, e a mesma versa sobre um tema muito polêmico, mas pouco discutido pela sociedade: o Sistema Prisional e a Ressocialização do Preso.

Quão complexo falar sobre isso, ainda mais depois de visitar algumas Casas de Custódia, Presídios e Delegacias!

Infelizmente, o que se vê é o descumprimento quase total do LEP, pois é muito perfeita no papel, mas na prática, o comum mesmo é o descumprimento de um dos princípios mais importantes da CF: o respeito à dignidade da pessoa humana.

O que se vê diariamente nesses locais é a humilhação, tanto do preso como da própria família.

A sociedade desconhece o poder que tem nas mãos, e não se vale disso nem mesmo para proteger-se, porque o papel ressocializador do apenado está nas mãos de quem está aqui fora e não propriamente de quem legisla.

Uma sociedade que só abre os olhos quando sofre as conseqüências de sua cegueira, não pode ou não tem moral para cobrar nada, ainda mais quando se vale dos políticos para cobrir-se de defesas.

Quantas pessoas ficam presas, aguardando por muito tempo serem julgadas, e quando têm a liberdade nas mãos, sofrem por mais uma humilhação: a de não conseguirem se inserir na sociedade por causa do preconceito e da discriminação.

Quando reincidem no crime, a sociedade mete o dedo na cara do cidadão e diz que o mesmo nascera para o crime.

Que sociedade é esta? Julga, sentencia e mata ainda vivos os que por ela mesma se faz réu muitas vezes!

Pior de tudo isso é descobrir também que a hipocrisia é tamanha que causa náusea, pois quantos daqueles presos estão ali porque foram pegos com 12 ou 15g de maconha, enquanto os traficantes, muitos da alta sociedade, estão aqui fora livres, curtindo e gastando o dinheiro dos usuários, doentes, que necessitam mesmo é de tratamento, tanto físico como emocional para se reerguerem, se redescobrirem como seres humanos, pois lá dentro dos presídios, além de não serem tratados como tal, passaram, o que é pior, a acreditar nisso.

Precisamos acordar para esta realidade, pois está cada dia mais perto de nós, seja em casa (filhos, netos, sobrinhos) ou nos vizinhos que sequer sabemos os nomes.

Nosso papel não é de criticar somente, mas de ver de perto e ajudar aos menos favorecidos, pois desta sociedade fazemos parte, queiramos nós ou não.

Bethe Rocha
Enviado por Bethe Rocha em 07/03/2011
Reeditado em 08/03/2011
Código do texto: T2833585
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