Rolesinho?!

As angústias sociais nos distanciam das relações afetivas, e a juventude sofre o destempero dos pais que já não sabem mais educa-los dentro de uma sociedade cada vez mais egoísta e preconceituosa, como é o caso da sociedade brasileira.

Dentro desse quadro, as angústias sociais do individualismo corroboram para os desajustamentos das relações no teatro da vida a estabelecer padrões comportamentais organizados a partir dessas aflições.

Ao rever os conceitos que a modernidade julgava enterrados, surge em nossa concepção empírica, o que se pode chamar de fase tribal, o (facebook). Nomeadamente “as redes sociais”. São elas, os ambientes tribais, em suas múltiplas concepções. Um novo paradigma a substituir o paradigma do individualismo, em que a sociedade contemporânea nele arraigado, clamaria pela necessidade da solidariedade e proteção preconizadas por tal fase.

A representação do individuo dentro do contexto social do conceito de “rede social” nos permite dar conta do processo do individualismo e consequentemente a valoração do papel que cada indivíduo tende a desempenhar nessa nova organização social.

Assim, os diversos séquitos virtuais, circunscritos nas preferências pessoais, como: religiosos, esportivos, hedonistas, musicais, tecnológicos, e tantos outros, concorreriam como unidades de “comunidades emocionais” em oposição ao modelo de organização racional típico da sociedade moderna.

Dessa forma, a filiação a tal grupo seria ritualístico, a buscar um sentimento de paixão partilhada, movida por uma adesão fugaz, sem objetivos que assegure sua continuidade e apenas movido por redes de amizades pontuais, ritualisticamente marcadas por propósitos de firmar um sentimento que um dado grupo tem entre si.

As possibilidades de um encontro afetivo, no caso, os atuais (rolesinho), de algum modo cria no individuo a perspectiva de uma expressão idenitária, em que tais encontros acabam por criar um espaço de dissidência.

Dessa forma, o rolesinho, surge como uma espécie de compensação diante de uma sociedade cujo laço de coesão social é frágil, sendo o rolesinho, uma resposta a essa sociedade fragmentada, fria, individualista, competitiva e burocrática.

Por isso, os encontros ritualísticos, denominados de rolesinho, contribuem para que a vivência no interior desses encontros venha a possibilitar aos adeptos a oportunidade para o encontro afetivo, não raro, inexistente no convívio social dos adolescentes irmanados.

Tal fato, em seu momento de ocorrência, vivencia o choque dos conflitos indenitários, a revelar a necessidade de se educar para a convivência e os inevitáveis conflitos percebidos no seio de um país multicultural e preconceituoso, como o Brasil.

Por fim, fica um apelo: abram os olhos famílias decadentes e herdeiras da indiferença social. Nossos filhos estão sendo vítimas do nosso egoísmo social e de nosso consumismo hedônico.