Os telejornais e a superficialidade mental

Catástrofes, sangue, guerra, horror são exibidos diariamente nos telejornais nacionais. Até mesmo a tragédia no Cazaquistão ou em outro lugar qualquer distante, cuja localização não é sabida por quase ninguém, são nos mostradas em todos os ângulos, para que possamos “estar informados”.

Aí de repente surge o final da tragédia, após o susto, a aflição, o terror diante de todas as angústias da violenta sociedade moderna, surge a salvação, então o apresentador com seu breve sorriso lança a frase: “ E agora vamos acompanhar a tendência moda verão, nas passarelas do mundo.”

E fica a idéia, a tendência mental, o condicionamento de que devemos ser superficiais, o drama, o horror, as guerras não nos atingem se focarmos nas superficialidades frívolas da vida, o importante é a moda verão-inverno, ou a roupa que a modelo Girafoni usou na festa de entrega do premio de melhor nariz empinado do mundo.

Resta, então, marcada a solução para todos nossos problemas, seja superficial, não se envolva em questões comunitárias, não pense, seja apenas um

porta-cérebro que busca como focar a superficialidade em tudo, sem se preocupar com nada mais, mesmo que sejam questões que exijam envolvimento e participação popular, o melhor é consumir e andar na linha desta sociedade “nazi-fascista” do consumo.

Para que enxergar a necessidade do meu bairro, cidade ou comunidade se agora estou no auge da superficialidade com o carro/vestido/celular/sapato da moda ? Para que contestar a realidade se assim posso perder os brilhos desta própria sociedade injusta e malograda, mas que por meio da superficialidade e da insensibilidade me concede tantos “prazeres”?