A pandemia do vírus F.O.R.R.O e o seu hospedeiro, o “forroidético”.
O portador de FORROIDESE ou “forroidético” (conhecido popularmente como forrozeiro) é um doente que hospeda e propaga o vírus F.O.R.R.O, uma doença muito grave e prejudicial, principalmente àqueles que não são portadores de tal infecção. A principal característica do forroidético é a dependência em escutar um barulho, a que ele denomina sintomaticamente como “música”, mais conhecido nas rodas infecciosas como “forró”. Devido a rápida expansão do F.O.R.R.O em território federal está se tornando uma questão emergente de saúde pública (com risco de contaminação até em países visinhos!. Embora tenha tido início, segundo pesquisadores, nas regiões mais pobres das classes mais incultas do semi-árido nordestino passando pela “Fortaleza Bela” e ali fazendo moradia, está se espalhando rapidamente para todo o Brasil numa pandemia sem comensurabilidade, inclusive, ascendendo a classes mais altas, mas preservando características importantes. Vejamos alguns sintomas dessa grave doença –que é altamente contagiosa aqui no Ceará! E diagnostiquemos se você possui alguns destes sintomas:
O indivíduo acometido pelo vírus F.O.R.R.O é um doente mas não se admite como tal, assim ele continua sempre a representar um grande mal para si e para sociedade como um todo. O indivíduo forroidético, em geral, tem uma disfunção auditiva que o obriga a ouvir o seu barulho no volume máximo, obrigando os vizinhos a GRITAREM AO PEDIR QUE ELE BAIXE O SOM! Foi relatado que o uso do álcool, bastante presente na meia-vida de um portador, potencializa consideravelmente os seus sintomas com as suas concentrações séricas de demência, ressaltando até ultimo resquício de burrice latente ao ponto de até mesmo seus colegas forroidéticos se despertarem para o fato de que ele é um idiota por completo! Pela sua demência característica eles também têm dificuldade de entender para que sirva um fone de ouvido em um local público, eles acham que no ônibus, por exemplo, as pessoas que estão ao seu entorno estavam mesmo só esperando o seu golpe de misericórdia, depois de um dia completamente estressante de trabalho vindo em pé num coletivo fétido onde quem levanta um pé imita saci até chegar em casa. O FDP forroidético liga o pitoco da caixinha de som MP3-Rola-boster que ele comprou no camelô, ou mesmo do celular CHINA com som rouco e agudo tocando o último barulho de sucesso, arrasando –literalmente! É claro que se nenhum gênio tiver tido brilhante idéia, é pra isso que existe um motorista de plantão, ora bolas!
As características mais observadas nos forroidéticos são: A grande falta de educação, a baixa instrução, a deficiência intelectual visível (e risível!); o déficit de concentração em palestras, diálogos longos sobre quaisquer áreas do conhecimento empírico ou mesmo desinteresse total ou parcial por assuntos instigantes ou que sejam realmente importantes para todo o país ou para o mundo. Como um bom zumbi, a sua apatia completa pelo humor-negro ou ironia refinada é algo notável logo na primeira tascada, o forroidético é incapaz de rir de qualquer piada que não contenha palavras como “bunda”, “porra” ou “cacete” (você riu disso?!), ou que então, não sejam contadas pelo Tiririca. Como característica também, a propensão visível a atividades que exigem baixíssimo nível cognitivo, ou, comportamento descontrolado para realizar apenas uma ou duas de atividades tais como: só novela, só futebol, só orkut, só sacanagem e, claro, só forró... É evidente que certas atividades não são de uso exclusivo do portador de FORROIDESE (com exceção da última), e podem ser sim, agradáveis a qualquer um quando apreciadas com moderação.
O forroidético, em geral, perde ou vai perdendo a capacidade da leitura, reduzindo esta a placas de ônibus e outros curtos enunciados, e –quando na melhor das hipóteses! –à leitura de revistinhas de fofoca ou de horóscopo. Perde adicionalmente –claro! –a capacidade de escrever ou falar bem (caso já tenha tido!). Os erros de português mais visíveis são: “Pra mim fazer” (e derivados de “pra mim + verbo”) no lugar de “pra eu fazer” e outros; a gente oramos pra que tudo dê certo; espero que ela “seje” feliz... “ele ama ela” –embora corrija prontamente –com autoridade! “ele A viu!” quando alguém erra: “ele viu ela”, é que a primeira construção sintática especificamente é que NÃO PODE! Na escrita, “voÇê” (com c cedilha) é muito freqüente e muitas vezes eles trocam o “TE” pelo “TI”, escrevem “ti amo”, mas isso provavelmente se deve ao fato de ele ser mesmo é um especialista em novela das oito!
Freqüentemente a FORROIDESE está associada: à abstenção do uso de desodorantes (principalmete dentro dos coletivos!), muitos forroidéticos imitam o comportamento estrangeiro na sua pior forma, na higiene! Sendo assim até que eu nem posso alegar que não haja nada de internacionalista num forroidético. À utilização de palavras de baixo calão e insultos na total ausência da capacidade de dialogar razoavelmente. Ao escutar o barulho os “Agentes Propagadores da doença” (apelidados de cantores) estimulam entre os ouvintes portadores o uso “estranhamente amigável” de insultos depreciativos, geralmente ligados ao comportamento sexual. Entre os indivíduos machos é comum o uso de vocativos tais como: “Corno”, “Viado”, “baitola”, “moi”, “vagabundo”... Dentre outros; entre as fêmeas: “Quenga”, “rapariga” e “gato-vei” são os mais bem cotados. Forte propensão a crenças e superstições em geral, são muito comuns, inclusive é regular a crença de que um homem pode muito quando tem um CARRO, de que pode quase tudo quando tem um CARRO COM SOM e a de que PODE TUDO se for uma HILUX.
O acasalamento tem início ao som “do barulho” numa espécie de dança sexual primitiva e horrorosa e termina na toca do macho, da fêmea ou mesmo no mato mais próximo (se não tiver dinheiro pro motel), onde o coito se finaliza. A prole em geral já nasce contaminada e perpetua a propagação da doença entre indivíduos sadios. Em geral, a contaminação é mesmo mais suscetível em indivíduos barrigudinhos infanto-juvenis, hora em que imitam o comportamento torpe dos progenitores. No seu comportamento diário a falta de cortesia com o próximo e a alta competitividade são frequentes! Porém, há muita subordinação (ou “babaovismo” ao extremo!) à autoridade e descortesia completa com o próximo que ele ainda “ousa julgar que seja inferior a ele”.
Profissões de baixo rendimento financeiro e intelectual são temporárias em pessoas gozadoras de boa saúde mental, mas, são crônicas e facilmente estão associadas aos portadores do vírus F.O.R.R.O, as preferidas são: porteiro, motorista, cobrador, garçom de bar-de-esquina, faxineira, empregada, e outras... (que não citadas propositalmente para minimizar o número de meus inimigos mortais, que até aqui já está grande demais!).
–O que um forroidético jamais seria? Um forroidético jamais será um intelectual, um filósofo, um bom enxadrista (se um dia souber o que é isto!), um poliglota, um naturalista, um humanista, um ateu... Forroidéticos não ponderam moral ou eticamente. Forroidéticos não são marxistas são “maxistas”, não são internacionalistas são bairristas, não são pedagogas são “Tia dakeles minino cão”, ele jamais será um banqueiro ele é um “bota-banca”! O forroidético jamais será um concertista... Pianista, um violinista, pior ainda! um maestro... Mas diferentemente de todos esses outros ele não será, se ele souber tocar “bonzinho” qualquer instrumento, –principalmente sanfona! –com um pouco de “sorte” jamais morrerá de fome nesse “Brasilzão sem portera”!!
Curioso que, para um forroidético, se você não é igual a ele então você é um roqueiro, ou, emo! –Você gosta de rock? Não?! Então você é emo! –Isso acontece porque o forroidético tem dificuldade no aparelho neuro-auditivo para perceber mais do que três notas musicais, aliás, é por essa mesma razão que muitos forroidéticos se autodenominam ecléticos. Como uma língua sem paladar, são capazes de degustar os gostos musicais mais FECAIS do mercado. É por isso mesmo que muitas vezes nós temos o hábito de confundir um paciente terminal forroidético com um doente pagodeirista ou mesmo um paciente funckeiroso. Deve-se atentar, porém, que são disfunções distintas embora muito similares.
E aí? Você já apresentou um ou mais dos sintomas supracitados? Você já se identificou pessoalmente com alguma modinha romântica “criativamente” repetitiva do tipo: “Hoje eu quero F*#%@$ uma rapariga” ou “Se livra daquela cachorra que eu voltei pra abalar, meu amor”? Quantos vocábulos você perdeu por não entender esse texto? Se mais de dois é bom já buscar ajuda profissional, você pode ter sido infectado! De qualquer maneira se você chegou até o fim dessa leitura é porque TALVÊS você possa ter cura. Mas se você não foi contaminado ainda, proteja o seu cérebro! Fuja! Vá para o extremo-sul do Brasil onde ainda devem existir santuários humanos não contaminados. Mas se você insiste em permanecer dentro das intransponíveis muralhas da “Fortaleza Bela” não saia sem proteção auditiva, use uma “camisinha de ouvido” ou fones portadores de boa música.
Jean-Antoine