No inusitado das filas...
Escrever sobre o cotidiano me fascina observar as peculiaridades do ser humano e das suas relações, é o que acho mais interessante. Nessas caminhadas, dediquei um pouco mais do meu tempo a analisar o comportamento das pessoas quando estão em filas de espera, independente da razão, do objetivo ou da ação que os levam até lá. Não me contentando em ser meramente uma espectadora do espetáculo da vida, logo me vi como mais um, dos tantos personagens.
Claro, é preciso citar aquelas pessoas que desenvolveram ao longo da vida, um verdadeiro horror a ficar esperando em filas, mesmo que seja para receber algo de bom e se limita a dizer –“Não gosto e pronto!”- mas, tudo bem vamos lá. São figuras distintas, cada uma com seus afazeres, mas há aqueles especiais, que marcam nosso dia (se prestarmos atenção neles!), aquelas que desejamos que não se vá, antes de contar o desfecho daquela interessantíssima, que aconteceu sabe-se lá com quem, até porque não conhecemos a pessoa falada, nem quem nos fala, não faz mal, o que importa é a lição que a conversa nos traz. Tem aqueles que, geralmente encontramos em filas de bancos, são pessoas visivelmente estressadas, que esbravejam, reclamam, xingam, mas só querem desabafar indignados com a má qualidade dos serviços, eu só tenho a lamentar, até porque encontro-me na mesma situação.
Os que me chamam muita atenção são aqueles que já chegam irritados com a demora, mas com o tempo conseguem enxergar na espera a oportunidade de conhecer pessoas, fazer amigos, mesmo sabendo que talvez nunca mais o verá. Essas são pessoas especiais, sabem que o fato de enfrentar as filas é inevitável, então porque não fazê-lo com leveza?
Jamais poderia enumerar as conversas e lições que obtive nesse momento, aparentemente tão monótono e chato que são as filas de espera. É no inusitado e na simplicidade que as melhores coisas acontecem.