No meio do caminho
No caminho tinha um homem que acreditava que todas as pessoas nascem sem saber absolutamente nada e que aprendem pela experiência, pela tentativa e erro.Para garantir esses direitos naturais, os homens haviam criado governos. Se esses governos, contudo, não respeitassem a vida, a liberdade e a propriedade, o povo tinha o direito de se revoltar contra eles. As pessoas podiam contestar um governo injusto e não eram obrigadas a aceitar suas decisões.
Um marco da democracia liberal com a importância dada pelo seu pensamento à ideia de tolerância religiosa, contra os abusos do absolutismo e seu pensamento chega até hoje pelo sucesso das democracias liberais que se baseiam nos valores da liberdade e da tolerância. Eles são a base dos direitos humanos como até hoje previstos pelas cartas de direitos e esses valores defendidos são até hoje a base da democracia moderna.
Que lindo caminho para a evolução da sociedade...Ah! liberdade...Poder de decisão.As pessoas como centro dos objetivos de bem estar, progresso e felicidade, não fosse um pensamento pouco humano, pouco solidário: A tolerância não se aplicava a índios, aos que não fossem originários da Europa e tampouco as camadas que detinham menos recursos econômicos.
Ao mesmo tempo que dizia que todos os homens são iguais, defendia a escravidão (sem distinguir que fosse a relativa aos negros).
Há quem diga, ser preciso considerar a época em que manifestou tal pensamento, por ter sido comum a existência de escravos, que eram vistos como propriedade.Como assim?Gente dona de gente?
Não me parece o pensamento de alguém que rejeitava a doutrina das ideias inatas e afirmava que todas as nossas ideias tinham origem no que era percebido pelos sentidos, afinal,"gente sente independente de condição social, intelectual e de suas origens.Se todas as pessoas nascem sem saber absolutamente nada e que aprendem pela experiência, pela tentativa e erro seria quase lógico imaginar que "ser escravo não impediria a condição do sentimento e de um conseqüente aprendizado.O não respeito a vida, a liberdade e a propriedade (que aqui vejo como direito de poder conquistar bens em condições de igualdade de oportunidades), com o tempo, revoltaria contra o governo as pessoas que contestariam o governo injusto sem sentiriam-se obrigadas a aceitar suas decisões. Uma idéia contraditória? Talvez...
Apesar do liberalismo ter surgido com Locke, o liberalismo não defende a escravidão, mas isso é uma outra historia.
O que quero ressaltar nesse texto é que:
1. Sentimentos e Raciocínio, aliados a conhecimento podem produzir pensamentos capazes de mudar uma sociedade.
2. Uma idéia tem dois pontos:
a) A intenção de quem transmitiu.
b) A interpretação do receptor, podendo ou não estar de acordo com a intenção de quem transmitiu, estando sujeita aos princípios, personalidade e conhecimento individual ou modificando intencionalmente a idéia de quem transmitiu de forma a favorecer quem recebeu.
3.A mesma idéia compartilhada por alguns transforma-se em ideal.Se por muitos, com ação, mudanças significativas.
4. Uma idéia, pode ser contestada, mas uma vez proferida é como uma semente lançada .Bastará alguém “cuidar”, que ela germinará e produzirá novas sementes, seja ela alimento ou erva daninha.
5. “Todos os homens, ao nascer, têm direitos naturais: direito à vida, à liberdade e à propriedade.” Acrescento:
DIREITO A MANIFESTAÇÃO DE IDÉIAS ORIUNDAS DE SUAS EXPERIÊNCIAS, OBSERVAÇÕES E CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS, CIENTÍFICOS OU NÃO AO LONGO DE SUA VIDA, NO EXERCÍCIO DE SUA RAZÃO EM FUNÇÃO DE PROTEGER SEUS DIREITOS NATOS E ADQUIRIDOS E NA BUSCA POR SEU BEM ESTAR FÍSICO, ECONÔMICO E INTELECTUAL.
Mas no meio do caminho, tem uma pedra: O poder.
Se o poder emana do povo, para o povo, convém que alguém lhes avise, porque ao que tudo indica, não são muitos os que estão sabendo...
O governo não sabe, não quer saber e tem raiva de quem sabe!