Responsabilidade social

Vivemos numa sociedade com problemas de todas as ordens, sejam eles de ordem econômica, social ou de relacionamento. A complexidade das relações é cada vez maior, mudando a cada instante, deixando os indivíduos praticamente perdidos, sem saber o que fazer e a quem pedir socorro.

É cada vez maior o número, principalmente de mães, que dizem não saber mais o que fazer com seus filhos. Até o Poder Público tem lá os seus limites, uma vez que não pode sem um forte motivo interferir nas relações sociais sob pena de sofrer sanções legais.

Somos um país extremamente legalista e, por conta disso qualquer ação por mais estapafúrdia que seja está regulada por uma lei, que na maioria das vezes é apenas um penduricalho que dificilmente é levado a sério, pois quanto mais leis tiver, mais lacunas teremos, por óbvio.

Mas chamo a atenção para a tão propalada responsabilidade social, onde muitos pensam que somos apenas detentores de direitos, ficando os deveres relegados apenas ao “outro”.

Falo na responsabilidade social balizada por um outro prisma, quer seja a responsabilidade do indivíduo com a sua própria família, quer seja do indivíduo perante a sociedade.

Os meios de comunicação de massa fazem novelas abordando assuntos e realidades que raramente são algo próximo do que convivemos no dia a dia, salvo honrosas exceções. Famílias desestruturadas, é bom que se diga, com pai e mãe sem saber prá que lado correr, o que fazer e por onde começar. O ritmo frenético das mudanças atropelou até os que se achavam preparados para criar e educar seu filhos e, com as ferramentas de comunicação “on line” (em tempo real) que dispomos somos atropelados ficando cada vez mais distantes uns dos outros. Parece que na mesma velocidade com que são criadas novas ferramentas de comunicação nos afastamos da nossa realidade, passamos a viver num mundo “virtual” e, daqui a algum tempo não te surpreenda se alguém bem gaudério te convidar para sorver um “chimarrão virtual”. Te confesso que não conheço esta tal de “erva virtual” muito bem, mas o sabor e o calor do nosso “mate” de mão em mão não tem igual iguaria.

Aquela “roda de mate” onde tudo se resolvia no diálogo, no afeto, no carinho, parece apenas algo para ser contado em prosa e verso, mas é justamente pela sua falta que tanta gente boa “se bandeia” pro outro lado. São inocentes que sem experiência de vida, sem exemplos para seguirem, sofrendo as agruras de uma vida difícil e vendo a “barbada” de viver “na boa” acabam cedendo a tentação do descaminho, da vida fácil, do poder aparente da droga.

Debatemos pontualmente este assunto num evento da OAB sapiranguense sobre o Crack e a Violência, onde o advogado Jacson Zanini Sausen colocou um questionamento para a platéia: -Afinal, é o crack que gera a violência ou a violência que gera o crack?

Está aí uma pergunta de resposta dúbia na minha avaliação. Porque alguém buscaria o caminho das drogas? As duas questões merecem análise; primeiro que quando alguém procura o crack, dificilmente já não foi usuário de outras e deve ter sofrido violência física ou psíquica e de outra banda, o crack também tem como resultado agravador além da “depreciação física” do usuário, a violência de todas as formas.

Mas e a família o que faz quando o problema aparece?

Já que o crack, conforme disse o Tenente Guerin da Brigada Militar, “é a droga dos miseráveis”. Sim, pois quando alguém chega nesta droga tenha o individuo a condição social que tiver, “bota tudo fora” para consumir a “porcaria”.

Comecei com o título “RESPONSABILIDADE SOCIAL”, pois acredito que a solução deste problema somente ocorrerá com a mobilização e a responsabilização de todos os entes sociais, senão vejamos, existe algo a fazer diferente de investimento em programas e projetos de inclusão (que efetivamente incluam) os jovens das periferias que muito raramente tem acesso no contra turno escolar? Aqui quero deixar claro de que não se trata de “caça as bruxas”, mas da busca de soluções que nos coloquem num patamar diferenciado enquanto sociedade.

Os projetos devem estar conectados, devemos pensar não em quantidade, mas sim na “qualidade” dos projetos e ações a ser desenvolvidas em nossa comunidade.

O problema está aí, não adianta fugir ou fingir que não existe, precisamos unir esforços na busca urgente de soluções, pois como já dizia a minha vó: “É muito melhor prevenir do que remediar!”