SERPENTE ANGEL /// ANDRÉ BESSA

***Sinto-me feliz tantas vezes. Desta agora pelo comentário ao texto de minha autoria, PRESIDENTA. A escritora Serpente Angel, nossa querida colega, acrescentou aos comentários em nossa Escrivaninha, um texto de um conterrâneo, o sergipano ANDRÉ BESSA, conforme se pode ler na nota incluída.

Estou devidamente autorizada pelo autor a publicar seu trabalho nesta página. Agradeço à gentileza de Serpente Angel ao providenciar para que André soubesse de minha vontade de expor seu texto neste espaço. Claro está que, além de agradecer ao querido e distante sergipano pela permissão, sinto-me prestigiada em poder mostrá-lo nesta Escrivaninha. Beijos, Serpente e beijos, André.

***OBSERVAÇÃO DE SERPENTE ANGEL: Tânia... PArabéns pelo texto... VOu citar como comentário um texto do Poeta e Musico, infografista e professor, fotógrafo, uma alma que amo e admiro... Um Sergipano de valor incalculável>>> ANDRÉ BESSA. A visão de um brasileiro radicado na Suíça já de muitos anos... E que achei fundamental aqui dividir...

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MULHERES EMERGENTES (TEXTO DE ANDRÉ BESSA)

No meu entender, todo brasileiro, homem ou mulher, independentemente de paixões partidaristas ou simpatias demagógicas, deveria ver a eleição e posse de Dilma Rousseff com um certo orgulho cívico e visão histórica. No mínimo. O sufrágio universal exercido de forma democrática demonstrou que, contrariamente ao cliché da mulher de avental todo sujo de ovo e rainha do lar e do fogão, o povo brasileiro já não vê mais diferença entre um homem e uma mulher nas competências de chefe de Estado. E isso é um senhor salto de qualidade. Se a administração de Dilma Rousseff será medíocre ou se será bem-sucedida, que ela seja, um dia, julgada sob critérios imparciais, e não do fato de ter sido a administração de uma mulher. Assim como são julgadas as administrações de todos os seus predecessores. Se bem que muita coisa ainda está para ser feita no domínio das igualdades homem-mulher, ao eleger uma mulher como Presidente, a sociedade brasileira somou uma realidade de peso a esse processo.Essa igualdade, no entanto, não é fato novo para mim. Desde quando ainda freqüentava as salas mistas do ginásio, nunca me indaguei sobre o porque de algumas colegas minhas terem notas superiores às minhas, ou às de alguns de meus colegas homens. E sempre foi assim pelos anos que se seguiram, até os meus últimos dias de universidade. No início dos anos 70, enquanto que uma grande parte de colegas meus homens buscava esconder seus medos e velados carreirismos através da omissão “apolítica" que tanto alegavam, muitas minhas colegas mulheres faziam luta engajada através de passeatas, de assembléias estudantis e de atos públicos, expondo-se às forças repressivas da época, e que jamais viram diferença alguma de tratamento entre homem e mulher quando se tratava de "descer o pau". Nossa atual Presidente sabe muito bem do que eu falo. Foram homens, sim, mas também mulheres que arriscaram suas vidas naqueles anos de ditadura, levados pelos ideais de construírem um Brasil melhor para si e para todos. Eu também sei bem do que falo. Todavia, um fato revelador da falácia que se tem quando se trata de "exportar" valores de democracia e de igualdade de direitos, apenas dois países do chamado Primeiro Mundo (um termo pejado de segregacionismo inventado por um demógrafo francês nos anos 50) tiveram uma mulher a nível de chefe de Estado: o Reino Unido em meados dos anos 70, com Margareth Thatcher e, mais recentemente, a Alemanha com Angela Merkel. Devo lembrar, porém, que muito antes da inglesa Thatcher, havia já sido Indira Gandhi eleita Primeira-Ministra de um país imenso e diversificado como a Índia. Na Europa, países ditos avançados e progressistas como a França ? e que se orgulha de ser o "país dos direitos do Homem" (talvez não os das mulheres...) ? a Itália, a Espanha, entre outros, jamais tiveram uma só mulher à frente de seus Estados. Nem os Estados Unidos e nem o Canadá nunca elegeram uma mulher Presidente ou Primeira Ministra em toda a História deles. E para fecharmos de vez com o G7, nem tampouco o Japão. Façam o que a gente diz, mas não façam o que a gente faz, right?

No entanto, e fato incontestável, o verdadeiro exemplo dessa igualdade vem das chamadas "potências emergentes" da América do Sul. O Chile, a Argentina e agora o Brasil, com a eleição de suas mulheres Presidenta da República, dignificam e consolidam de facto a igualdade homem-mulher a nível de competências intelectuais e administrativas no continente. Mais ainda, esses "emergentes" dão o exemplo que deveria ser seguido por outras potências, quem sabe "decadentes", e que ainda relegam, encarniçadamente, a mulher a um papel secundário na política, dando-lhes, no melhor dos casos, a função de ministras de Estado. E que, como todos sabem, é muito mais pela forma que pelo fundo. Pessoalmente, desejo à Senhora Dilma Rousseff, como, aliás, o desejaria a todo homem ou mulher que acabasse de ser empossado Presidente do meu país, toda a boa sorte deste mundo ? as emboscadas já se preparam e não serão poucas. Que ela possa enfim concretizar, e da forma mais democrática possível, os ideais pelos quais lutou quando tinha seus vinte anos. E quando existia um Brasil pior. Bem pior. ((ANDRÉ BESSA- 2010))

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***Querida Tânia, achei pertinente dividir contigo... Uma visão de palavras e posturas... Que muitos brasileiros não mantêm por suas raízes... Do Brasil que cada um de nós vê...

taniameneses
Enviado por taniameneses em 17/01/2011
Reeditado em 17/01/2011
Código do texto: T2733780
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