GERAÇÃO SANDUÍCHE
Numa dessas reuniões de final de tarde, estavam meus amigos e eu a tratar de diversos assuntos peculiares a esses encontros, quando surgiu um que chamou minha atenção em especial.
Começamos a falar sobre a nossa geração, de nossos pais e de nossos filhos, num saudosismo evidente e compreensível, quando um amigo disse:
— Quer saber de uma coisa? Nós somos da “geração sanduíche”.
Entre a dúvida e a surpresa, questionei. Como assim, “geração sanduíche”?
— Veja bem, ele respondeu. Somos do tempo em que a palavra do pai era sinônimo de respeito, desobedecer era algo impensável, quando isso acontecia, na maioria das vezes era uma tremenda “surra” ou, na melhor das hipóteses um belo sermão que deixava a gente mais dolorido que a própria surra. Era um misto de respeito e medo. Mas hoje, com medo de repetir a forma rígida, e as vezes com dureza excessiva com que fomos criados e, querendo ser melhor para nossos filhos do que eles foram , acabamos nos perdendo em algum ponto da história e nos deixando levar por um caminho sem volta, onde nossos filhos, além de não nos obedecer, na maioria dos casos, desconhecem a palavra respeito. Medo então, nem pensar, nós é que temos medo deles.
Fui pra casa, comecei a refletir sobre o assunto e cheguei a seguinte conclusão: apesar das adversidades, da dureza e muitas vezes do uso de certa violência na nossa educação, descobri que essa forma foi muito eficaz, fez mais bem que mal para nossa geração, afinal, sobrevivemos e estamos aqui hoje para contar a história, com caráter formado e sólido.
Já a geração de nossos filhos, o futuro é incerto, pois a estrutura familiar se desmoronou, os filhos não têm respeito nem medo dos pais, não respeita os mais velhos e pouco ou quase nada seus professores, estão mais expostos às drogas e a violência, parece que não têm perspectivas na vida.
A relação pais e filhos não têm mais aquele respeito, mesmo que um pouco forçado da nossa geração. Aliás, tem só que ao contrário, nós fazemos o que nossos filhos querem, são eles quem manda em nós.
Moral da História... Obedecemos nossos pais no passado e no presente obedecemos nossos filhos. Não mandamos em ninguém em época nenhuma. Sem dúvida, somos a GERAÇÃO SANDUÍCHE.
Espero estar errado em minha conclusão. Quero, como pai, ser surpreendidos por essa juventude, e torcer para que eles retomem o caminho do respeito as tradições e as gerações passadas, sem perder o ideal de liberdade, acompanhado das evoluções tecnológicas de seu tempo. Afinal, os princípios básicos de ser humano comprometido com o seu tempo e o futuro da humanidade, bem ou mal, foram passados através das gerações.