Cotidiano

Por GILSON PONTES

No mesmo barco, sinceramente falando, estamos mais um dia toda a sociedade vivendo o massacre, a impunidade, a injustiça, a bala perdida! Essa já não está tão perdida, pois acharam em um corpo caído. Assaltantes! Assaltaram um banco... Por quê? Porque é lá que está o dinheiro. Cuidado! Que está comendo hoje? Sei lá! O que está fazendo hoje? Sei lá! Parece que está na rede... Que rede? Dormindo? Não! Na rede do PC... Que PC? Na nova era digital. Tudo que você precisa é de um provedor. Que é isso? Provedor de quê? Provedor é que dá aceso para abrir-se para o mundo, amar-se, viver um novo tempo. Que tempo? O agora, num mundo on-line. Complicou... Mas o que é esse tal on-line? Bem, vou explicar: on-line é a distância de um clique. Esta é a distância que nos separa do outro. Sem mencionar o intercâmbio de informações on-line, todos interligados. E off-line? Bem, off-line é um anglicismo da gíria dos internautas, que quer dizer “fora da linha”, desconectado. Explicando melhor: anglicismo palavra ou locução inglesa incorporada em outra língua. E o internetês? O internetês é uma linguagem surgida no ambiente da Internet, baseada na simplificação informal da escrita, com o objetivo principal de tornar mais ágil, rápida, a comunicação, fazendo dela uma linguagem taquigráfica, fonética e visual. Abreviações, simplificações, símbolos criados por combinação de caracteres, símbolos gráficos próprios e uma grande diversidade de recursos de comunicação por imagens utilizados na internet são as principais características encontradas nas mensagens que utilizam esta linguagem. Estar na internet é estar conversando com outro no mesmo tempo virtual. Desligo-me um pouco dos internetês para escrever minhas mal desengonçadas tecladas. Já é madrugada e já é domingo... De novo? Poxa, como o tempo passa rápido e nem percebemos! A madrugada começa a esfriar. De repente olho a luz que atravessa a janela, rápida, gelada. Penso ser o único sobrevivente da cidade despida de gente. A mesa, sobre a qual os meus rabiscos, livros espalhados pelo chão como que algas mortas enroscadas no coral. Mas aos poucos vou tecendo assim como o tecelão que de fio em fio vai fazendo o pano. Esse encontro do eu com a madrugada acontece um silêncio, perversamente doloroso por vir claras palavras e pensamentos de lugares que nem mais existe, mas só lembrança. E nessa ânsia de finalizar o meu escrito, vou me cansando feito uma doença ruim chamada saudade. Sim, pode-se sentir saudade do que ficou pra trás. Já são quase três horas da manhã e perdi o sono.

Miraculosamente lá fora na rua, um carro barulhento quebra o gelo do silêncio. Mas digo, nem sempre que me apraz o silêncio, animal urbano que sou, mas há horas que preciso dele.

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Gilson Pontes
Enviado por Gilson Pontes em 31/12/2010
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