Crime de lesa dignidade humana
“A professora Michele Borges, de 28 anos, a primeira vítima fatal das enchentes causadas pelas intensas chuvas do verão em São Paulo, morreu no mesmo dia em que soube da sua aprovação num concurso público para ser professora da rede estadual de ensino. Na noite de terça-feira (21), ela desapareceu ao ser arrastada por uma correnteza que derrubou o muro do condomínio onde morava com a mãe, na Zona Sul da capital paulista”
Quanto vale uma vida? Tente pagar a dor do choro de quem perdeu uma pessoa amada para ter uma noção de valor. E para entender melhor, troque de lugar com essa pessoa. Percebeu o quanto dói? Já aconteceu com você alguma vez?
Pois é; aconteceu com a família da professora Michele. Tenho certeza de que cada minuto que ela passara desaparecida pareceram horas infindáveis e que cada hora continha certo teor de esperança de que ela fosse achada com vida. Infelizmente, a fatalidade se confirmou.
Alguém poderia fazer alguma coisa para evitar calamidades como essa? Sim, mas não fez. Há muitos anos que a população de certas áreas de regiões alagadiças sofre com o descaso das autoridades competentes. Parece que as pessoas lesadas (anos após anos) desses lugares não pagam cerca de 40% de tudo que consomem neste País.
Não posso admitir que bilhões de reais sejam empregados em esquemas de mensaleiros, sanguesugas, obras superfaturadas, cartões corporativos,acordos políticos, compra de cabos eleitorais e tantas outras supersafadezas que são feitas e muitas vezes sob os olhos estrábicos da lei, enquanto pessoas dignas, batalhadoras e sonhadoras – de sonhos lindos e verdadeiros – sejam vitimadas por um sistema que cuida de uns e esquece outros.
Não posso admitir estar com minha visão tão comprometida a ponto de não conseguir enxergar o verde-amarelo com que se vêm pintando o Brasil há duas décadas. Se estar tudo bem, o que acontece, então, com as enchentes? Com as epidemias de dengue? Com as secas? Capricho da natureza? Ou falta de respeito à dignidade humana.
Amo o Brasil. Sinto-me brasileiro. Por isso dói-me ver tanta injustiça em nosso País. Admito que muita coisa tem melhorado por aqui, mas, por acaso alguém tem nos dado alguma coisa? Ou estamos apenas sendo resarcidos com aquilo que é nosso por direito há muito tempo? Alguém tem feito alguma coisa por nós além de sua expressa obrigação, uma vez que fazemos a nossa parte, que queiramos ou não?
Meus sinceros sentimentos a famílias como a da Michele às quais não são dadas outra alternativa a não ser chorar a perda do ente querido. Quisera estar parabenizando pela sua conquista em vida.
Acorda Brasil!! Teu povo te ama! Ame-o!!! (Quem ama cuida!)
(prof. Zeca)