Resgate ao Passado
Em meados dos anos 70 e 80, a midia em geral foi bombardeada com series, livros, revistas, filmes e até músicas com o tema Futuro. Todos imaginavam e sonhavam com as maravilhas da evolução. Caros voadores, roupas que se ajustavam automaticamente ao corpo, robos, ciborgues, máquinas maravilhosas, em alguns casos até retratavam um futuro caótico, onde a cultura e os sentimentos eram proibidos.
O futuro chegou, pelo menos uma parte dele, já que uma grande parte desse material retratava a vida a partir no ano 2000. Já estamos em 2010, quase 2011 e sim, temos algum conforto e algumas máquinas maravilhosas. Os carros ainda não voam, e nem existem robos fazendo trabalho doméstico, mas em compensação, já existem supercomputadores, internet, videogames sem controle, pesquisas de clonagem e etc.
Mas, não venho aqui falar exatamente sobre o futuro, mas sim sobre o passado. Na verdade, sobre o passado dentro do futuro. Confuso? Eu explico.
A alguns dias, enquanto ia para o trabalho, num destes novos ônibus que portam tv e um canal próprio, me deparei com uma reportagem interessante. Sobre um grupo de jovens, entre 15 e 25 anos, de uma determinada cidade, a qual não pude saber, pois infelizmente não peguei a reportagem desde o inicio, que se reunia em parques para fazer lanches, tocar, cantar, dançar e conversar. Nada fora do comum, a principio, exceto pela peculiaridade de que eles faziam isso trajados como as pessoas do século XVIII.
Os trajes, os petiscos, as músicas e até a fala, tudo 'importado' do século XVIII. Confesso que achei extremamente interessante, além de nostágico e de uma pontinha de inveja. Afinal o século XVIII é um dos meus períodos históricos preferido. Mas, afora minha admiração, esse fato se juntou a alguns outros que eu já vinha reparando, como o crescimento de festas temáticas do tipo anos 60, 70 e 80, além de outros grupos semelhantes, como as pin-ups, meninas que resgatam o estilo de mulheres tatuadas em soldados da primeira guerra mundial.
O que me gerou uma pergunta que nos traz a este singelo artigo. 'Por que essa inversão de pensamento?' Digo este pelo fato de que nos anos 70 e 80, as pessoas tinham fascinio e curiosidade sobre o futuro, e agora as pessoas querem desesperadamente voltar ao passado. Por que?
Seria porque a modernidade trouxe mais problemas do que soluções? Novas doenças, novos conflitos, novos preconceitos, tecnologia para armas novas e mais devastadoras, ao invés de soluções para problemas antigos. Será que só pelo fato de em vez de robos facilitanto o trabalho doméstico, as pessoas agora trabalham 2 ou 3 vezes mais para sobreviver? Será porque a internet, que inicialmente deveria ajudar em pesquisas, unir as nações, serve mais para criar um mundo virtual no qual as pessoas se incluem, talvez para fugir da realidade, e acabam tendo mais amigos virtuais do que reais?
Bom, isso eu não sei meus caros, mas acho que vale pelo menos refletir sobre. Uma das entrevistadas da tal reportegem, justificou a escolha por 'viver' em um século passado com as seguintes palavras: 'O século XVIII foi o século do cavalheirismo e da civilidade. Onde as cidades eram pequenas e onde o hábito de cumprimentar e conheçer os vizinhos era indispensável'. É um bom argumento, afinal quantos dos seus vizinhos você conheçe. Para quantas pessoas na rua você deseja bom-dia? Para quantas mulheres você abre a porta?
Ao meu ver senhores, fugir para o passado me parece uma boa idéia. Fuga nunca me foi bem-vinda, mas sinto falta do tempo que as pessoas eram pessoas e não máquinas. Em que falar com alguém gastava saliva e não eletricidade. Mas isso, é o que eu acho. E você, acha o quê?